Michael Michalsky
21 de julho de 2009"A China é o mercado mais interessante para a moda no momento", afirmou, entusiasmado, o designer Michael Michalsky, ex-diretor de criação da marca esportiva alemã Adidas e preferido da recente Berlin Fashion Week.
"Os chineses são realmente abertos para a moda e temos que admitir que o futuro do mundo está na região", comentou Michalsky em alusão ao contrato que assinou para desenvolver uma linha de produtos sportswear para o grupo chinês Dongxiang.
A grife de Michalsky ainda não joga na mesma "liga" que Karl Lagerfeld, Hugo Boss ou Joop!, mas seu nome sempre fez mais progressos que os rivais. "Gosto de fazer as coisas de forma diferente e gosto de ser o primeiro."
"Fui o primeiro designer a mudar para Berlim e a realizar desfiles de maior porte aqui, antes que a cidade fizesse parte do itinerário da moda. Isso pertence à minha natureza e ao caráter tanto da minha companhia quanto da minha grife", afirmou.
Novo foco
Nestes tempos economicamente turbulentos, pensar de forma criativa pode fazer toda a diferença – e Michalsky rompeu com décadas de tradição da moda ao voltar seus olhares para Pequim e Xangai em vez de Paris e Milão.
Em relação à indústria do luxo, ele foi um dos primeiros a acordar para o potencial da China como mercado para além de marcas ocidentais estabelecidas como Louis Vuitton, Cartier e BMW.
No começo deste ano, o jornal The New York Times constatou o óbvio quando relatou que a China é agora o mercado de luxo que mais rapidamente cresce no mundo, com vendas estimadas em 7,6 bilhões de dólares em 2008.
No momento, todavia, Michalsky se deu conta de um crescimento ainda mais significante – o do próprio mercado interno chinês. "Esse mercado está se expandindo rapidamente", confirmou René Lang, presidente da Associação Alemã de Designers de Moda e Tecidos.
"A China era mais conhecida como fornecedora, mas o país possui no momento um grande poder de compra, apesar da crise, e agora existem designers muito bem treinados, como também escolas de moda. No entanto, eles ainda estão na fase de tender a acreditar no know-how estrangeiro", acresceu.
Longe da crise
Após 11 anos como diretor global de criação da marca Adidas, Michalsky fundou sua própria grife em 2006 e seu lema "roupas verdadeiras para pessoas de verdade" muito contribuiu para que Berlim se estabelecesse como uma capital da moda, onde o estilo reflete a rua mais do que a passarela. No entanto, a grife de Michalsky ainda não conseguiu grandes lucros.
Nesse ponto, ele está no mesmo barco que muitas outras marcas deficitárias. Diferentemente de outras grifes veteranas, no entanto, Michael Michalsky não se atrasou na procura por mercados que não sintam os efeitos da recessão de forma tão dura. Marcas tradicionais podem também estar se voltando para a China, mas enquanto alguns veem aí somente um mercado para bens baratos, o designer alemão observa um potencial de verdade.
"O grupo Dongxiang faz muito sucesso no mercado interno e agora a companhia está procurando expandir-se internacionalmente", comenta. "Para começar, a linha estará disponível somente na China, pois é onde o grupo tem suas próprias lojas. Mas eles planejam uma expansão para outros países da Ásia e eu não vejo razão para que não se estabeleçam em mercados ainda mais distantes", afirmou Michalsky.
Nos passos de Jil Sander
Ao voltar-se para o Oriente, Michalsky está seguindo os passos de outro designer alemão. Em março último, a estilista Jil Sander provocou espanto de Nova York a Paris quando se aliou à marca japonesa de roupas populares Uniqlo. A empresa vende calças jeans por 20 euros e jaquetas por 10 euros e é uma das poucas companhias ainda lucrativas apesar da recessão no Japão.
De forma similar, ao lançar sua coleção Mitch & Co para a Tchibo, uma rede alemã de lojas de produtos para café que também vende roupas, produtos de casa e equipamentos eletro-eletrônicos, Michalsky mostrou que não é tão orgulhoso para usar seus talentos sempre que são necessitados.
A coleção foi um fracasso, mas a ligação com a Tchibo ajudou Michalsky a tornar-se um nome de artigos para a casa. Diferentemente de muitos designers, ele não é tão exigente. No tocante à China, ele parece ignorar os escrúpulos que muitos de seus colegas podem ter quanto às precárias condições de trabalho.
"Eu ainda não estive em nenhuma das fábricas da Dongxiang", afirmou o designer. "Estive na sede e trata-se de uma companhia bastante moderna e bastante europeia na forma de pensar. De fato, as empresas chinesas que visitei no passado, quando trabalhava para meu antigo empregador, eram surpreendentemente modernas e as condições de trabalho eram muito boas. Elas não eram diferentes de locais que visitei na Itália. Acho que as condições se desenvolveram muito", acresceu.
Autora: Jane Paulick
Revisão: Alexandre Schossler