Ex-embaixador de Belarus morre em circunstâncias misteriosas
28 de junho de 2024Ex-embaixador de Belarus na Alemanha, Denis Sidorenko morreu inesperadamente aos 48 anos de idade, anunciou o governo da antiga república soviética.
Sidorenko, que serviu na Alemanha de 2016 até o início de 2024, foi convocado de volta a Belarus pelo regime de Alexander Lukashenko, sem designação de novo posto.
Segundo o veículo independente belarusso Nasha Niva, o diplomata teria morrido ao cair de um prédio na capital Minsk no último domingo (23/06). Citando fontes anônimas, o veículo afirma que ele teria cometido suicídio após ser submetido a sucessivos interrogatórios e polígrafos (detectores de mentiras) pelos serviços de inteligência de Lukashenko, que é aliado de primeira hora do presidente russo Vladimir Putin.
O político de oposição Pavel Latushko, que vive exilado na União Europeia, afirmou ao portal belarusso Zerkalo que o diplomata havia se tornado um problema para o aparato de governo, e que os interrogatórios o haviam posto sob intenso estresse psicológico.
O que dizem as fontes oficiais
Sidorenko deixa duas filhas. Não há informação oficial sobre a causa da morte. Em comunicado postado quarta-feira no Facebook, o Ministério do Exterior de Belarus lamentou a "grande perda para a família diplomática" do país.
A pasta se referiu a Sidorenko como "talentoso e responsável, profissional e patriota, que conquistou e mereceu a autoridade e o respeito de seus colegas e parceiros, tanto na República de Belarus quanto muito além de suas fronteiras".
Outra morte suspeita
Em novembro de 2022, o ministro belarusso do Exterior Vladimir Makei também morreu inesperadamente, aos 64 anos.
A princípio, a morte foi atribuída pela imprensa independente a um ataque cardíaco. Meses depois, o Nasha Niva informou que Makei também teria se suicidado. Segundo o veículo, ele vinha sendo ignorado por Lukashenko e tinha problemas conjugais.
Belarus: país autoritário e aliado da Rússia
Lukashenko, que conduz Belarus com mão de ferro desde 1994, é tido como o último ditador da Europa. Ele foi eleito para um sexto mandato em 2020, em meio a acusações, por parte da oposição, de fraude eleitoral, desencadeando uma onda de protestos pelo país que acabaram duramente reprimidos por Lukashenko, com a detenção de 35 mil indivíduos, segundo estimativas.
Muitos manifestantes foram espancados pela polícia, e as figuras mais proeminentes da oposição fugiram do país ou foram presas. Belarus é um aliado próximo da Rússia e deu total apoio à invasão da Ucrânia por Putin.
Por esses dois motivos, o país está sob sanções do Ocidente, que vê na conduta do regime de Lukashenko nesses dois episódios graves violações aos direitos humanos.
ra/av (DPA,ots)