Ex-policial rebelde reivindica ataque a quartel na Venezuela
20 de dezembro de 2017O ex-policial Oscar Pérez, que em junho sobrevoou Caracas de helicóptero e atacou instituições do Estado venezuelano reapareceu. Nesta terça-feira (19/12), ele assumiu a responsabilidade por um assalto a um quartel da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), ocorrido na véspera.
O assalto foi realizado por um grupo de 49 homens armados que roubaram armas e munições e algemaram vários efetivos da GNB, em Laguneta de La Montaña, ao sul de Caracas. No ataque, foram roubados 26 fuzis Kalashnikov, três pistolas 9mm PGP e mais de três mil munições.
Um vídeo publicado na conta do Twitter de Pérez parece mostrar o ex-policial e um grupo de outros militantes armados algemando membros de tropas militares e rodeando-os numa pequena sala.
"Vocês estão morrendo de fome. Por que vocês não fazem nada, já que vocês têm armas? Por que vocês continuam protegendo esses ditadores do tráfico de drogas?", gritavam os agressores aos soldados.
Os agressores então destruíram retratos do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e de seu antecessor, Hugo Chávez. Conduzimos "uma operação tática impecável em que recuperamos essas armas do povo para o povo", afirmou Pérez afirmou no Twitter.
O presidente da Venezuela ordenou na terça-feira às Forças Armadas que respondam com "chumbo" aos responsáveis pelo ataque contra um quartel da GNB. "Ocorreu um ataque terrorista de uma unidade mandada de Miami a um núcleo da GNB e o roubo de fuzis. Onde quer que apareçam, ordenei às Forças Armadas chumbo nos grupos terroristas. Chumbo neles, compadre!", exclamou Maduro em reunião com prefeitos e governadores.
Maduro pediu "tolerância zero com os grupos terroristas que ameaçam com armas a paz da República". "O que essas pessoas acham? Que podem atacar um núcleo das Forças Armadas, roubar uns fuzis e ameaçar a democracia e que isso será tolerado?", questionou. "Tolerância zero, com a Constituição na mão", reiterou, classificando o episódio de "ataques sob ordens do governo dos Estados Unidos".
O homem por trás do ataque ao Supremo
Pérez ganhou notoriedade em junho, depois que ele e um grupo armado sobrevoaram edifícios governamentais com um helicóptero policial roubado e lançaram granadas no Supremo Tribunal de Justiça. Em seguida, efetuaram disparos contra o Ministério do Interior. A ação em junho não deixou vítimas.
Maduro emitiu um alerta à Interpol para a prisão de Pérez, que, desde o ataque em junho, vive na clandestinidade. Ele não tem sido visto publicamente, exceto brevemente em julho, quando participou de uma vigília para um manifestante morto em um dos vários protestos que assolaram o país neste ano.
No ataque de junho, Pérez foi fotografado a bordo do helicóptero com uma faixa na qual se lia "350 liberdade", em alusão ao artigo da Constituição venezuelana que convoca a abnegar "qualquer regime" que viole garantias democráticas. A mesma frase foi pichada na parede do quartel no roubo das armas.
PV/efe/lusa/rtr/ap/afp
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