RAF
29 de agosto de 2009Do mandado de prisão contra Verena Becker, de 57 anos, consta que a ex-terrorista teria "contribuído de forma essencial para a execução do atentado" contra o então procurador-geral da República, Siegfried Buback.
Becker é acusada de ter participado do crime, mas não de ter ela mesma atirado na vítima. O atentado, cometido no dia 7 de abril de 1977, deixou mortos, além de Buback, seu motorista, Wolfgang Göbel, e um segurança do Judiciário, Georg Wurster.
Em função de novas provas e indícios, a Justiça alemã resolveu deter Becker, a fim de dar continuidade às investigações no caso. As autoridades competentes detectaram vestígios de DNA da acusada em carta enviada naquele ano de 1977 pela RAF, assumindo a autoria do atentado a Buback. Nos selos usados para o envio da carta, foram encontrados restos de saliva de Becker.
Culpa e anotações
Além disso, o semanário Der Spiegel informa que foram encontradas anotações pessoais da acusada, em sua casa localizada num bairro nobre do sudoeste berlinense, que teriam levado à sua prisão.
Segundo a revista, os investigadores encontraram anotações escritas por Becker, datadas de 7 de abril (dia do assassinato do ex-procurador), no qual a ex-terrorista questionava a si mesma se deveria "orar por Buback", além de se debater com o tema "culpa".
Desconfiança
Hans-Ludwig Zachert, ex-presidente do Departamento Federal de Investigações (BKA), sugeriu em declaração à revista Focus que Becker tenha sua pena amenizada, caso dê declarações contribuindo para o esclarecimento de vários crimes cometidos pela RAF no passado.
Michael Buback, filho do procurador-geral morto, que nutre há anos e publicamente uma desconfiança em relação à Becker, alertou para o perigo de que as autoridades confiem nos depoimentos de ex-membros da RAF. "Não se deve depender do que dizem terroristas", afirmou Buback ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger.
Ao jornal berlinense Der Tagesspiegel, Buback disse que espera "o desenrolar de um processo, no qual seja esclarecida a participação de Verena Becker e no qual seja revelada a verdade sobre o atentado em Karlsruhe".
Embora haja pedidos de políticos para que os documentos do processo, nos quais estão descritos os novos indícios contra Becker, sejam abertos ao público, o Ministério alemão do Interior persiste na proteção do material. As atuais investigações não levam a uma necessidade de abertura destes documentos, afirmou neste sábado Stefan Paris, porta-voz do ministro do Interior, Wolfgang Schäuble.
SV/dpa/ap/afp
Revisão: Carlos Albuquerque