Expectativa e ceticismo
14 de março de 2010A alta representante da União Europeia para Política Externa, Catherine Ashton, partiu neste domingo (14/03) para o Oriente Médio. Após o Egito, ela visitará, sucessivamente, Síria, Líbano, Jordânia, Israel e os territórios palestinos.
Trata-se de sua primeira viagem pela região, desde que assumiu o cargo, em janeiro último. Na sexta-feira, ela participa em Moscou do encontro do chamado Quarteto do Oriente Médio, do qual, além da UE, fazem parte os Estados Unidos, a Rússia e a Organização das Nações Unidas.
Antes de – como anunciou – "dar nova vida" ao quarteto internacional que se ocupa com o direcionamento das negociações de paz no Oriente Médio, Ashton quer vivenciar de perto a situação dos direitos humanos na região.
Ela afirmou que pressionará na direção da retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos. Estas estão suspensas desde o final de 2008, quando Israel iniciou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza.
"Sabemos que a solução está na negociação. Acredito ser este o momento para tal, enquanto as coisas estão relativamente calmas", comentou a encarregada da UE para assuntos externos e de segurança. Ela apelou ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para que use sua popularidade e dê partida às negociações.
Ceticismo europeu
Entretanto, a perspectiva de conversações de paz indiretas na região foi comprometida no início desta semana, quando Tel Aviv autorizou a construção de 1.600 novas moradias no território ocupado, indignando a opinião pública palestina.
No contexto de um encontro informal dos ministros do Exterior da UE na Finlândia, o chefe de pasta sueco, Carl Bidt, um dos mais influentes diplomatas do bloco europeu, declarou que a decisão de Israel compromete seriamente sua intenção de reiniciar negociações.
Seu colega de pasta espanhol, Miguel Ángel Moratinos, urgiu Tel Aviv a retomar rapidamente o diálogo. "Se esperarmos mais de dois anos, será tarde demais, pois não mais haverá mais nem objeto de negociação – um país – nem um interlocutor – uma vez que a liderança palestina moderada não conseguirá se manter como um parceiro pacífico."
O ministro finlandês das Relações Exteriores, Alexander Stubb, expressou ceticismo quanto à missão de Ashton no Oriente Médio, afirmando que a UE "não deve esperar muito" dela, devido às atuais tensões entre israelenses e palestinos.
Ainda assim, seria "um símbolo muito significativo e importante" as autoridades de Israel permitirem a entrada da alta representante na Faixa de Gaza, como prometeram no início da semana, ressalvou Stubb.
Catherine Ashton anunciou que pretende visitar a área dominada pela organização militante Hamas para verificar como as verbas humanitárias da União Europeia estão sendo gastas.
AV/dpa/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer