Explosões deixam dezenas de mortos em Cabul
26 de agosto de 2021Um duplo atentado atingiu nesta quinta-feira (26/08) o principal portão do aeroporto de Cabul, onde uma multidão em fuga do Talibã se aglomera há semanas na tentativa de embarcar em um dos últimos voos ocidentais e deixar o Afeganistão. Pelo menos 72 pessoas morreram e mais de uma centena ficaram feridas. Entre os mortos estão soldados americanos e crianças.
Horas depois, uma terceira explosão atingiu outro setor da cidade.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, confirmou a morte de militares americanos, mas não especificou o número. A agência Reuters afirma que fontes militares estimam que pelo menos dez americanos morreram. Já a Associated Press citou fontes militares que apontam 12 americanos mortos, incluindo 11 fuzileiros e um médico militar.
Ainda não há confirmação sobre a autoria do atentado, mas fontes ligadas à inteligência americana suspeitam fortemente de envolvimento de uma facção do "Estado Islâmico" rival do Talibã, grupo extremista atualmente no poder no Afeganistão. O ataque teria sido executado por dois suicidas. Uma conta do Telegram do grupo terrorista que agia na Síria e Iraque reivindicou os ataques em Cabul.
O Pentágono descreveu o atentado como um "ataque complexo", que envolveu duas explosões no portão principal do aeroporto (Abbey Gate) e uma terceira no Hotel Baron, que fica a cerca de 200 metros dos terminais e estava sendo usado como ponto intermediário antes de decolagens de resgate.
O presidente da França, Emmanuel Macron, descreveu a situação no aeroporto de Cabul como extremamente tensa. No mesmo tom se manifestaram outras autoridades europeias, que prometeram acelerar a retirada de civis do país.
"Nossa prioridade continua a ser retirar o maior número possível de pessoas em segurança, o mais rapidamente possível", disse o chefe da Otan, Jens Stoltenberg.
Aliados alertaram na véspera sobre risco
Na véspera, Estados Unidos e aliados haviam apelado para que cidadãos saíssem do aeroporto de Cabul devido a ameaças de ataque do grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI).
Avisos quase idênticos foram emitidos por Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Austrália e Nova Zelândia sobre "ameaças de segurança". Serviços de inteligência estavam preocupados com o risco de atentados com homens-bomba do EI.
A explosão aumentou a apreensão e o caos nos arredores do aeroporto de Cabul, onde, desde meados de agosto, com a tomada da capital afegã pelo Talibã, uma multidão de civis aguarda na tentativa de deixar o país.
Durante a última semana, o aeroporto foi palco das imagens mais caóticas da tomada do poder pelo Talibã, com aviões decolando com famílias desesperadas em fuga.
Alguns países, como a Alemanha, já terminaram ou determinaram o fim de seus voos de resgate, e começaram a retirar seus soldados e diplomatas.
Os talibãs haviam se comprometido a não atacar as forças ocidentais durante a evacuação, mas insistem que as tropas estrangeiras devem ser retiradas até o prazo de 31 de agosto, data fixada pelos próprios Estados Unidos para uma retirada total.
Nos últimos dez dias, mais de 80 mil pessoas foram resgatadas de Cabul, em sua maioria pelos EUA. A Bundeswehr (Forças Armadas alemãs), segundo Merkel, conseguiu retirar 4.600 pessoas do Afeganistão, de 45 diferentes nacionalidades.
rpr/lf (ap)