Exportações salvaram montadoras alemãs em 2002
31 de janeiro de 2003Os automóveis de marcas alemãs continuam cobiçados em todo o mundo e a indústria alemã fortalece cada vez mais sua presença nos mercados estrangeiros. De cada 5 veículos vendidos, um é de fabricação alemã, o que corresponde a uma parcela de 22% na produção mundial. Apesar da conjuntura fraca, a Federação das Indústrias Automobilísticas Alemãs (VDA) apresentou um balanço razoável na quinta-feira (30/01).
As montadoras alemãs de Wolfsburg (VW) a Sindelfingen (Mercedes) conseguiram mais uma vez superar a marca dos 5 milhões de automóveis produzidos em 2002 (5,1 milhões e 3,4% a menos do que em 2001). Logo depois que o presidente da federação, Bernd Gottschalk, pronunciou esta frase, um curto-circuito apagou as luzes do salão em que realizava a entrevista coletiva, em Frankfurt. "Não pensem que as luzes estão se apagando para a indústria automobilística, pois esse não é caso. Muito pelo contrário", improvisou Gottschalk, ressaltando a seguir que o ramo se destacou por manter estável seu faturamento, enquanto a maior parte da indústria alemã teve que amargar uma queda de 2% no ano passado.
Exportações compensam queda no mercado alemão
As montadoras, no entanto, têm algo em comum com o resto da economia alemã: dependem da exportação. Em 2002, o setor exportou 3,55 milhões de veículos, a segunda melhor marca, após o recorde em 2001. Quase 75% da produção foram exportados, compensando assim as quedas no mercado interno. As vendas de automóveis na Alemanha diminuíram pelo terceiro ano consecutivo. Em 2002, a queda foi de 3%, totalizando 3,25 milhões de unidades.
Mais de 70 modelos novos, promoções e boas condições de financiamento fazem parte da estratégia para reanimar o mercado alemão em 2003, ano que trará vários desafios para o setor. Diante das grandes incógnitas, no que se refere a uma guerra contra o Iraque e o preço do petróleo, o presidente da VDA não quis arriscar nenhuma previsão para o corrente ano. Gottschalk disse apenas que as montadoras vão procurar manter o nível atual.
Os principais mercados
Há muitos anos que as montadoras alemãs vêm apostando no exterior também como local de produção. Estar presente bem cedo em um mercado promissor e as participações estratégicas valem a pena, observou. Nos últimos cinco anos, a fabricação no exterior aumentou 44% e as exportações, 28%. As vendas para a Europa Oriental, mercado onde as marcas alemãs detêm uma parcela de 40% a 60%, aumentaram 17% no ano passado.
No importante mercado norte-americano, onde a fatia das montadoras alemãs é de 10%, o aumento foi de 7%. Um terço dos carros de luxo que circulam nos EUA é de marca alemã. A Ásia também é importante para a indústria automobilística alemã. O mercado chinês, no qual as montadoras alemãs têm uma parcela de 45%, é o mais atraente, tendo atingido pela primeira vez o volume de um milhão de veículos – um aumento de 56%. Aumentos de mais de 50% na Tailândia e quase 40% em Hong Kong documentam ainda o sucesso na Ásia.
Brasil atenuou perdas na Argentina
As difíceis condições econômicas e políticas na América do Sul frearam a demanda de automóveis, segundo a federação. As vendas diminuíram 12% em 2002. O setor de automóveis (-9%) foi menos afetado do que o de caminhões leves (-25%) e veículos pesados (-12%).
No Brasil, as marcas alemãs fabricaram 1,6 milhão de veículos. A diminuição foi de 2% em 2002, tratando-se, contudo, do quarto maior volume de produção já atingido no país. Rolaram das montadoras brasileiras 1,4 milhão de automóveis, 1% a menos do que em 2001. A produção de caminhões leves diminuiu 13% e a de pesados, 3%. Somente o número de ônibus manteve-se no nível do ano anterior (21.300 unidades). A maior demanda no Brasil, no segundo semestre, refletiu-se num aumento de 9% na fabricação de automóveis.
O balanço das vendas, contudo, foi negativo. Em 2002, foram vendidos 1,5 milhão de veículos, com o que o mercado brasileiro teve uma retração de 7%. Mais expressiva foi a queda de 19% das vendas de caminhões leves. As vendas de caminhões acima de 6 toneladas caíram 10% e as de automóveis somente 5%, totalizando 1,2 milhão de unidades.
Já o mercado argentino enfrenta uma grave recessão que se arrasta por cinco anos. Após uma queda de 42% das vendas em 2001, as montadoras alemãs amargaram uma nova queda de 53% no ano passado, totalizando 82.300 unidades. A produção só não teve uma diminuição igualmente dramática graças às exportações para o mercado brasileiro (automóveis: - 34%; caminhões leves: -27%; utilitários médios e pesados: -24%). A fabricação de ônibus, porém, caiu 79%.