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Mostra traça paralelos entre ficção científica e ciência

Valentin Betz (md)8 de dezembro de 2014

Mostra "Outer Space", no museu Bundeskunsthalle, da antiga capital alemã, tenta unir conhecimento e obras artísticas, mostrando as influências entre as duas áreas. Maiores destaques são as obras de arte expostas.

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"Weltbild", de Peter SauererFoto: Thomas Rehbein Galerie, Köln

Numa pequena vitrine, logo na primeira sala de exposições, estão duas metades de uma noz com o lado de dentro virado para cima. Dentro dela, o escuro cosmo, salpicado de pontos brilhantes. A noz não é de verdade, mas feita de madeira.

Será que o artista Peter Sauerer se inspirou em Stephen Hawking, para sua pequena obra de arte chamada Weltbild ("Cosmovisão" ou "Concepção de mundo")? O famoso astrofísico lançou em 2002 o livro O universo numa casca de noz, onde reflete sobre questões elementares da vida, como: de onde viemos, e se há outros seres no universo.

Os visitantes também se deparam com essas questões ao passear pela exposição Outer Space, no museu Bundeskunsthalle, em Bonn. Algumas peças expostas têm muito de ciência, outras parecem trazidas dos limites extremos do cosmo.

Barulho ensurdecedor

O mais tardar após entrar no segundo salão da mostra, o visitante é arremessado no tema da exposição: com barulho ensurdecedor, é exibido num telão o lançamento do foguete Ariane 5, incluindo a contagem regressiva. Essa é, aliás, uma invenção artística, para dar mais dramaticidade à decolagem. O lançamento do foguete acompanha, então, o visitante – intencionalmente ou não – por quase toda a exposição, tão alto é o som dos alto-falantes.

Ausstellung Outer Space in der Bundeskunsthalle Bonn
Personagens de "Guerra nas Estrelas" também fazem parte da mostraFoto: Kunst- und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutschland

"Na exposição se vê também como a ficção científica influenciou a ciência", explica Stephan Andreae, diretor da mostra, referindo-se à contagem regressiva. "É sabido que a Nasa envia olheiros a Hollywood para ver se os roteiristas de filmes de ficção científica têm ideias que ela possa implementar."

Consequentemente, não poderiam faltar nesta exibição peças sobre Guerra nas Estrelas, Aliene ET. Mas, entre fotografias do Sol e amostras da poeira da Lua, também se encontram outras curiosidades. Como, por exemplo, uma colagem de fotos de pessoas pulando no ar, oferecidas pelo cantor pop alemão Herbert Grönemeyer.

Ausstellung Outer Space in der Bundeskunsthalle Bonn
"O", do japonês Hiroyuki Masuyama, dá sensação de flutuar no espaço sideralFoto: Kunst- und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutschland

Foco artístico

No entanto o foco da exposição é a arte, não a ciência. "A maioria dos visitantes fica parada na obra O, do artista japonês Hiroyuki Masuyama", conta Andreae. Trata-se de uma esfera composta por 4 mil pedaços, de madeira de cerejeira. Seus 30 mil orifícios recriam os céus nos hemisférios norte e sul. Quem entra nela tem a sensação de flutuar no espaço. "Dez minutos disso por semana, e as pessoas seriam mais felizes" – assim um guarda de segurança resume sua vivência da obra.

Indo de outubro de 2014 até 22 de fevereiro de 2015 o período da exposição não poderia ter sido mais bem escolhido. A missão Rosetta também é tematizada: em 12 de novembro foi transmitido ao vivo no museu o pouso do robô Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Outro destaque é a missão Blue Dot, na qual o astronauta alemão Alexander Gerst passou 165 dias na Estação Espacial Internacional (ISS) e retornou à Terra em novembro.

Então Outer Space é o fruto de um planejamento perfeito? Stephan Andreae balança a cabeça e ri: "Não, eu admito abertamente, foi tudo puro acaso."