Juventude como alvo
8 de março de 2010Um estudo do Instituto de Pesquisa Criminológica da Baixa Saxônia (KFN, do alemão) mostrou que 4,9% dos meninos de 15 anos de idade da Alemanha, assim como 2,9% das meninas da mesma idade, estão ligados a um partido ou associação de extrema direita. Além disso, a metade dos 450 mil jovens entrevistados para a pesquisa expressou ceticismo em relação a estrangeiros.
Esses dados foram apresentados nesta segunda-feira (08/03), em Berlim, por Uwe-Karsten Heye, fundador e presidente da associação de combate à xenofobia, racismo e antissemitismo Gesicht Zeigen! ("Mostrar a cara"). Ele acrescentou que em 2008 foram registrados no país 20.422 delitos motivados por radicalismo de direita, mais do que o dobro de 2001 (10.054). Nas duas décadas desde a reunificação alemã,o número de vítimas fatais de tais atos já atingiu 149.
Segundo Heye, as gerações mais jovens são o principal alvo da extrema direita, e a desigualdade de chances e falta de orientação estão entre os principais motivos que atraem crianças e adolescentes a tais grupamentos. O combate à tendência exige um trabalho de prevenção nas escolas e instituições de lazer, assim como investimentos de, no mínimo, 22 bilhões de euros na área da educação, estimou.
Mais mortal do que a esquerda
Preocupante é sobretudo o avanço do partido nacionalista NPD, que atualmente dispõe de mais de 300 mandatos municipais – contra algumas dezenas em 2003. "O NPD é visto como um 'partido revolucionário de protesto', suas atividades juvenis encontram sucesso".
O ex-porta-voz do governo de Gerhard Schröder insiste que a violência de direita não é um problema dos estados do Leste, que pertenceram à ex-Alemanha comunista: trata-se de um problema da sociedade, em geral. "Nenhum nazista cai do céu, nem anda em carrinho de bebê."
Entretanto a presença da direita radical é especialmente forte nas regiões rurais e economicamente fracas dos "novos estados", como é designado também o leste da Alemanha. Grupos como o NPD fecham as lacunas resultantes da carência de ofertas culturais e esportivas, e o governo precisa oferecer alternativas.
"Nem quero pensar o que seria se não existissem tantas iniciativas contra a direita", comentou Uwe-Karsten Heye, numa crítica aos planos da ministra da Família, a democrata-cristã Kristina Schröder, de sindicar essas iniciativas. Não se deve, de forma alguma, minimizar o perigo do radicalismo de direita. "Ele é mais mortal" do que o extremismo de esquerda, assegurou Heye.
AV/rtr/dpa/epd
Revisão: Roselaine Wandscheer