Extrema direita inflama debate político
6 de fevereiro de 2005O presidente da União Social-Cristã (CSU) desencadeou um inflamado debate político, ao responsabilizar o chanceler federal Gerhard Schröder pela crescente projeção pública do Partido Nacional-Democrático da Alemanha (NPD), de extrema direita. "O fracasso econômico do governo Schröder, ou seja, a dimensão do desemprego, cria um solo fértil para extremistas", disse Stoiber.
"Culpa da política de Schröder"
O governo federal, o Partido Social-Democrata (SPD) e os Verdes advertiram o político cristão bávaro a não abandonar a luta conjunta contra o extremismo de direita. A União Democrata Cristã (CDU) interferiu no debate com tons mais amenos. O presidente Horst Köhler apelou à sociedade por uma atitude mais ativa no combate ao radicalismo de direita.
O desemprego em massa na Alemanha "é a principal causa do fortalecimento do NPD", declarou o governador da Baviera ao jornal Welt am Sonntag. "Quem quiser tirar o NPD das câmaras estaduais tem que eliminar o desemprego na Alemanha." Stoiber acrescentou que o país estaria em condições "como nunca mais esteve desde 1932". O secretário-geral da CSU, Markus Söder, declarou que a "culpa do crescimento do NPD é a política preguiçosa de Schröder."
"Grave deslize político"
O presidente do SPD, Franz Münterfering, acusou Stoiber de ir ao encontro dos interesses do NPD. "Um conflito entre nós viria a calhar para os nazistas", declarou Münterfering ao jornal Bild am Sonntag. Stoiber estaria se tornando cúmplice, ao instrumentalizar os neonazistas contra o SPD. Para o vice-líder da bancada social-democrata no Parlamento, Ludwig Stiegler, "quem – depois do nazismo – ainda estiver procurando um motivo convincente para retorno desta praga é mais um eterno idiota de ontem".
Claudia Roth, membro da presidência do Partido Verde acusou Stoiber de cometer "um grave deslize político". O porta-voz de governo Bela Anda declarou que o político bávaro estaria apelando para o mais baixo nível.
Desemprego gera racismo?
O vice-presidente do Partido Liberal (FDP), Rainer Brüderle, acusou o político social-cristão de desviar do tema. "Eu preferia que Stoiber não tivesse feito essas acusações contra o chanceler federal", declarou ele ao Handelsblatt.
Münterfering reiterou que os desempregados não estariam fortalecendo os nazistas, mas sim toda gente de terno e gravata com muito dinheiro". O parlamentar verde Volker Beck lembrou que "protesto e insatisfação não precisam se manifestar obrigatoriamente em racismo e reacionarismo".
A presidente da CDU, Angela Merkel, culpou Schröder pelo alto índice de desemprego. "E o desespero e a falta de perspectiva naturalmente levam as pessoas a buscar saídas em outros âmbitos", declarou ela à emissora N24. O secretário-geral da CDU, Volker Kauder, disse ao Leipziger Volkszeitung, que o combate ao desemprego seria o melhor instrumento contra o extremismo político.
Proibição do NPD em debate
De acordo com informações do diário berlinense Tagesspiegel, Merkel se mostrou aberta a um ato público com a participação de todas as facções políticas, no dia 8 de Maio, em Berlim. Schröder havia convocado as pessoas decentes a reagir contra a passeata convocada pelos extremistas de direita no Portão de Brandemburgo, no dia de celebração dos 60 anos do fim da guerra.
O presidente alemão, Horst Köhler, disse que não adiantaria reagir "com pânico" ao NPD, mas somente com "ações bem pensadas". Em entrevista à emissora DeutschlandRadio, ele declarou que o anti-semitismo estaria adquirindo novas facetas na Alemanha.
Diversos governadores social-democratas se mostraram abertos a um novo processo de proibição do NPD, contanto que desta vez tudo seja bem preparado.