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Fábrica de dirigíveis admite estar em crise financeira

Marion Andrea Strüssmann17 de maio de 2002

A empresa alemã CargoLifter anunciou nesta sexta-feira (17) medidas de contenção de despesas que incluem demissões e a restrição da produção.

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Dependências da fábrica da CargoLifter, em Brand, ao sul de BerlimFoto: HOCHTIEF

Os planos de expansão da CargoLifter, fábrica alemã de dirigíveis para o transporte de carga, serão arquivados por tempo indeterminado. O projeto de construção do CL 160, com capacidade para até 160 toneladas, ficará, por enquanto, na gaveta.

De acordo com o presidente da empresa, Carl von Gablenz, a partir de agora a produção será limitada aos dirigíveis de pequeno porte. Devido aos graves problemas financeiros, a CargoLifter vai demitir funcionários para tentar equilibrar o orçamento.

Ao divulgar que não pretende construir grandes dirigíveis de carga, a empresa admitiu que a situação não é das mais animadoras. O dinheiro em caixa irá acabar em poucos dias. Gablenz confessou que não sabe se poderá honrar com os salários de maio em dia. Este quadro afeta diretamente 500 empregados que trabalham na fábrica localizada no leste da Alemanha, no estado de Brandemburgo.

Os governos estadual e federal negaram há poucos dias o pedido de ajuda financeira feito pela CargoLifter, alegando que não existem garantias para o empréstimo.

As empresas privadas que tem alguma participação na empresa e o mercado de capitais também não são de grande ajuda. Nesta sexta-feira (17), as ações da CargoLifter continuaram despencando. Uma ação, que nos tempos áureos chegou a ser cotada a 23 euros, vale hoje cerca de 1,30 euros, uma perda significativa e que acentua ainda mais a crise da empresa.

Falta dinheiro -

O grande dirigível para cargas CL 160 deveria ficar pronto na primavera de 2005. A empresa informou que para sua construção faltam 420 milhões de euros. "Sem verbas não vai ser possível tirá-lo do papel. Por isso precisamos mudar nossa estratégia de ação", declarou Gablenz.

Restringindo a produção ao dirigível CL 75, de menor porte, e a outras pequenas atividades, a CargoLifter espera sanear parte de suas finanças até agosto de 2003, quando estima necessitar de apenas mais 70 milhões de euros para tirar o CL 160 do papel. A grande incógnita, entretanto, é saber quem comprará os CL 75. Até agora, apenas um desses dirigíveis foi vendido.

CL 160 será construído –

Carl von Gablenz rejeitou com veemência a hipótese de que a construção do CL 160 seja definitivamente cancelada. "O CL 160 é o nosso carro-chefe e continuará sendo nossa meta. Temos condições técnicas para construí-lo. O que nos falta é apenas dinheiro."

A CargoLifter trabalha desde 1996 no desenvolvimento do projeto deste dirigível de grande porte para cargas, com 260 metros de comprimento e 82 metros de altura. Porém, até agora não existe sequer um protótipo da aeronave. Devido a crise financeira, a equipe que trabalha no CL 160 será reduzida a um número mínimo. Gablenz não revelou quantos funcionários serão demitidos.

Boeing e CargoLifter -

A Boeing não divulgou ainda como será desenvolvido o trabalho cooperativo com a CargoLifter. O conglomerado norte-americano anunciou recentemente que está em tratativas com a empresa alemã de dirigíveis. A decisão deverá ser tomada nos próximos nove meses, conforme informou, em Berlim, Dave Swain, chefe do departamento técnico da Boeing. Uma injeção financeira por parte da gigante americana, entretanto, é pouco viável. "Pode até ser possível, mas considero remota esta possibilidade", disse Swain.