Família do americano Otto Warmbier processa Coreia do Norte
27 de abril de 2018A família do estudante americano Otto Warmbier, morto em junho de 2017 após passar 17 meses em uma prisão na Coreia do Norte, deu início nesta quinta-feira (26/04) a um processo contra o regime do país asiático. A ação acusa Pyongyang de homicídio por negligência.
O documento de 22 páginas foi apresentado a uma corte federal do Distrito de Columbia, segundo informa a imprensa local. Nele, os pais do jovem alegam que ele foi "brutalmente torturado e assassinado" pelo regime de Kim Jong-un, após ser retido em uma visita ao país.
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Warmbier viajou como turista à Coreia do Norte no final de 2015 e foi detido já prestes a voltar, em janeiro de 2016, acusado de tentar roubar um cartaz de propaganda no hotel onde estava hospedado. Ele foi condenado por subversão a uma pena de 15 anos de prisão e trabalhos forçados.
Em coma, o estudante foi finalmente libertado em junho do ano passado, após um ano e cinco meses preso, e transportado de volta aos Estados Unidos. Segundo médicos, ele sofreu danos cerebrais, mas a causa dessas lesões não é conhecida.
O americano morreu seis dias depois, já nos Estados Unidos, aos 22 anos de idade. O caso elevou as tensões entre Pyongyang e Washington, levando inclusive o governo americano a proibir seus cidadãos de viajarem ao país asiático.
Em comunicado nesta quinta-feira, o pai do estudante, Fred Warmbier, afirmou que seu filho foi "feito refém, mantido como prisioneiro por motivos políticos, usado com um peão e alvo de um tratamento excepcionalmente duro e brutal por Kim Jong-un".
"Kim e seu regime têm se apresentado como inocentes, enquanto destruíram intencionalmente a vida do nosso filho. Esta ação judicial é mais um passo para responsabilizar a Coreia do Norte por seu tratamento bárbaro a Otto e à nossa família", acrescentou o pai.
O governo americano apoia a ação judicial da família Warmbier, embora não tenha participado de sua elaboração, segundo fontes anônimas citadas pelo jornal Washington Post.
"Apesar de esta ser uma ação legal privada da qual o governo dos EUA não faz parte, os americanos seguem comprometidos em honrar a memória de Otto, e não esqueceremos o sofrimento de seus pais", disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, em comunicado enviado ao jornal.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "falou claramente sobre a dor que todos os americanos sentiram quando perdemos Otto Warmbier", acrescentou a funcionária. "Esse sentimento de perda não mudou."
Degelo diplomático
Na época da morte, Trump criticou duramente o regime norte-coreano por seu tratamento a Warmbier nos meses em que ele passou no país. O caso foi inclusive mencionado durante o discurso do presidente americano na Assembleia Geral das Nações Unidas no ano passado.
O processo judicial da família de Warmbier, contudo, ocorre num momento diplomático diferente entre Estados Unidos e Coreia do Norte. Trump vem adotando um tom conciliador com Kim Jong-un, enquanto os dois se preparam para uma reunião que deve ocorrer em breve.
O líder norte-coreano fará também um encontro histórico com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, nesta sexta-feira. A reunião será realizada na zona desmilitarizada na fronteira entre os dois países, mas do lado sul-coreano.
Ao atravessar a fronteira do país vizinho a pé, Kim se tornará o primeiro líder da Coreia do Norte a pisar em solo sul-coreano desde o armistício que encerrou o conflito militar entre os dois países, em 1953.
EK/ap/efe/rtr/ots
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