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Família retoma as rédeas na Bertelsmann

Roselaine Wandscheer20 de fevereiro de 2003

Reinhard Mohn quer mudanças na maior empresa européia de mídia. Patriarca semeou inquietação ao manifestar que a família assumirá maior influência no grupo e acusar ex-executivos da empresa em seu último livro.

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Liz Mohn, considerada liderança velada na empresaFoto: presse

Liz Mohn (61), a esposa do patriarca, já é considerada há alguns anos a liderança velada na quinta maior empresa de mídia no mundo. Em julho do ano passado, ela havia assumido o importante cargo de diretora-presidente da sociedade mantenedora.

Reinhard e Liz Mohn e seus filhos Brigitte e Christoph integram a diretoria desta sociedade, que ao todo tem oito membros. Estão garantidos para a família, desta maneira, 75% dos votos necessários para a tomada de decisões na presidência da holding.

Segundo as más línguas, ela teria sido a principal responsável pela demissão do diretor-presidente da empresa, Thomas Middelhoff, em meados do ano passado. O chairman e principal executivo da Bertelsmann teria saído por divergências na forma de conduzir a gigante do entretenimento no futuro.

Embora nada tenha mudado recentemente no perfil administrativo da empresa, o papel de Liz Mohn na direção ganhou mais importância após Reinhard Mohn, presidente honorário, ter manifestado, na semana passada, o desejo de que a esposa "tenha maior influência nos rumos da empresa".

O anúncio foi feito paralelamente ao lançamento de seu livro Die gesellschaftliche Verantwortung des Unternehmers (A responsabilidade social do empresário). Na obra, ele manifesta a esperança de uma contribuição da família para garantir a continuidade da liderança da Bertelsmann.

Mudança radical na administração?

Reinhard Mohn
Reinhard MohnFoto: AP

Estava lançada a semente da inquietação entre acionistas, funcionários e a concorrência. Estaria a Bertelsmann retornando à administração familiar? Foi abandonada a intenção de lançar ações na bolsa de valores, preparada por tantos anos? "Isso não passa de um mal-entendido", escreveu o diretor-presidente Gunter Thielen aos 80 mil funcionários do conglomerado com representação em 51 países.

O próprio Reinhard Mohn teria assegurado a independência e liberdade das lideranças da empresa tomarem decisões. Um pouco menos diplomático foi o chefe do Conselho Administrativo. "O risco de serem tomadas decisões erradas não diminuirá se a família ganhar o peso decisório ambicionado por Mohn", ressalta Gerd Schulte-Hillen.

O conglomerado é a principal obra na vida de Reinhard Mohn, que sempre defendeu a descentralização do poder, a participação dos funcionários nos lucros da empresa, a motivação dos trabalhadores e o engajamento social da empresa.

Em 1835, Carl Bertelsmann havia criado a sua primeira tipografia em Gütersloh, na Renânia do Norte-Vestfália, não imaginando que um século e meio depois os descendentes dirigiriam um grupo mundial que controla prestigiadas editoras como a Random House, a Gruner + Jahr e a Springer Verlag, dois grupos de mídia: o RTL - maior televisão européia - e a Pearson TV, e muito mais.

Hoje, é responsável por mais de cem títulos em 14 países, sendo 11 jornais (em quatro países) e 14 revistas (em seis países), com destaque para as especializadas em temas econômicos ou de interesse feminino.

O setor mais importante do grupo é o de publicação de livros, graças a uma estrutura que conta com dezenas de gráficas e editoras espalhadas pela Europa, Estados Unidos e América do Sul.

Cercado por vaidosos e ambiciosos

Bertelsmann Zentrale
A Bertelsmann em GüterlohFoto: AP

Em 1947, Reinhard Mohn recebeu do pai a liderança da empresa, bastante destruída na Segunda Guerra Mundial. Três anos mais tarde, fundou um clube do livro e começou a diversificar as atividades. Ampliou a rede de gráficas, ingressou no mercado de discos, comprou a editora de revistas Gruner + Jahr e ampliou sua liderança no mercado de emissoras privadas de televisão.

Ao mesmo tempo, expandiu-se no mundo, principalmente na Europa e na América do Norte. Suas empresas das mais diversas áreas da mídia levaram a um faturamento de 20 bilhões de euros no ano fiscal de 2000/2001.

Só o Grupo RTL foi responsável por 20% disto. Distribuído por região, os negócios da Bertelsmann nos Estados Unidos renderam 32,25 do faturamento da empresa; na Alemanha, 30,6%; na Europa (sem a Alemanha), 31,5%; e em outros países, 5,7%.

Reinhard Mohn causou grande irritação ao justificar por que só confia na família para a defesa dos interesses da empresa e criticar antigas lideranças do conglomerado.

As empresas do grupo:

RTL Television (Colônia, Alemanha), RTL Radio (Paris), FremantleMedia (Londres), SportFive (Paris, 39,5%), Gruner + Jahr (Hamburgo, 74,9%), Prisma Presse (Paris, 74,9%), Gruner + Jahr USA (Nova York, 74,9%), Brown Printing (Waseca, 74,9%), BMG Music (Nova York), BMG Ariola (Munique), BMG Japan (Tóquio), Random House, Inc. (Nova York), Random House Group (Londres), Grupo Editorial Random House (Munique), Random House Mondadori (Barcelona, 50%), Editora Springer (Berlim/Heidelberg, 86,5%), MOHN Media (Gütersloh), maul-belser (Nurembergue, 75%), arvato logistics services (Gütersloh), arvato direct services (Gütersloh), Sonopress (Gütersloh), Der Club (Rheda), Bookspan (Nova York, 50%), France Loisirs (Paris), Círculo de Lectores (Barcelona).