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Cinema

(ana / sv)27 de setembro de 2007

Novo filme de Fatih Akin, que estréia nos cinemas alemães, estabelece ligações entre seis biografias paralelas. As especulações giram em torno de um possível Oscar para o filme.

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Ayten Öztürk (Nurgül Yesilcay): uma das seis protagonistas do último filme de AkinFoto: picture-alliance/dpa

"Foi como um quebra-cabeça, um mosaico. Fui encontrando uma peça atrás da outra", descreve o cineasta Fatih Akin a idéia a partir da qual surgiu o roteiro de Auf der anderen Seite (Do outro lado).

O filme liga as vidas de seis pessoas entre a Alemanha e a Turquia, entre elas o viúvo Ali, que vive em Bremen, trabalha como motorista de táxi e não pretende passar o resto de seus dias sozinho.

Deutschland schickt «Auf der anderen Seite» ins Oscar-Rennen 2008
Nejat Aksu (Baki Davrak, esqu.) und Yeter Öztürk (Nursel Köse): acasos unem personagensFoto: picture-alliance/dpa

Na zona boêmia da cidade, ele encontra a prostituta Yeter e acredita, de início, ser compreendido por ela. Afinal, os dois se distanciaram da Turquia, sem, no entanto, se sentirem completamente em casa na Alemanha.

Ali quer se casar com Yeter, mas a felicidade dos dois dura pouco, pois ela morre logo em seguida em conseqüência de um acidente. É aí que Nejat, filho de Ali, professor de uma universidade alemã, resolve repentinamente fazer uma viagem para a Turquia, em busca de Ayten, filha desparecida de Yeter.

Kinostarts - Auf der anderen Seite
Ayten Öztürk (Nurgül Yesilcay - l) e Lotte Staub (Patrycia Ziolkowska): cena de 'Do outro lado'Foto: picture-alliance/dpa



Ayten, por sua vez, uma ativista política em fuga incessante da polícia turca, acaba de entrar ilegalmente na Alemanha, onde conhece a estudante Lotte, que a abriga. As duas se apaixonam, sob a mira da mãe de Lotte, que observa tudo com ciúmes.

Consolo para o luto

Além de Yeter, outro personagem do filme de Akin também morre – o diretor trabalha, aqui, propositalmente com a quebra do tabu da morte. "É claro que a morte é terrível e temos, todos nós, também medo dela. Mas nem por isso devemos lidar indignamente com esse medo. Meu maior desejo seria o de que o filme fosse visto por um espectador que passou recentemente pela dor da morte de uma pessoa próxima e que se sentisse consolado", argumenta Akin.

A morte e o luto são, contudo, apenas dois dos grandes temas tratados por Akin em seu último filme. Imigração, o direito de asilo político, choque entre culturas, ativismo político, conflitos familiares e o amor são outros tópicos que permeiam Do outro lado, fazendo com que o longa pareça fragmentado e construído a partir de diversos elementos narrativos.

Oscar ou Palma?

Mesmo assim, as ligações às vezes aleatórias entre os episódios são arredondadas pela impressionante direção de atores de Akin. Através de gestos pequenos, mas contundentes, e de imagens surpreendentes, ele cria personagens excepcionais: o pai rabugento, o lutador Elan Aytens e a calma Nejat.

O longa, que dá continuidade à trilogia Amor, Morte e Diabo, que começou com Contra a parede (longa de Akin que levou o Urso de Ouro no festival de Berlim), já trouxe ao filme o prêmio de melhor roteiro em Cannes e vai ser enviado para representar a Alemanha na corrida ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Se for o caso, Akin poderá subir duas vezes ao pódio em Hollywood: uma vez pelo alemão Do outro lado e outra por Takva – Fuga de Deus, longa produzido por ele na Turquia. "Seria uma sensação de luxo concorrer consigo mesmo", brinca Akin, que ao mesmo tempo confessa que, na verdade, preferiria mesmo é receber uma Palma de Ouro como melhor filme em Cannes. "Afinal, sou um europeu", resume. (ana / sv)

Fatih Akin bei Dreharbeiten
Fatih Akin no set de filmagemFoto: picture-alliance / KPA Archival Collection