FBI culpa Coreia do Norte por ataque à Sony
19 de dezembro de 2014O governo da Coreia do Norte é a responsável pelo ataque de hackers à produtora cinematográfica Sony Pictures, afirmou nesta sexta-feira (19/12) o FBI, acrescentando que encontrará os responsáveis e que eles sofrerão as consequências.
"O FBI já tem informação suficiente para concluir que o governo da Coreia do Norte é responsável por essas ações", afirmou a agência de investigação, em nota. O FBI afirmou que vai "identificar, perseguir e impor custos e consequências a indivíduos, grupos ou nações que usarem meios cibernéticos para ameaçar os Estados Unidos ou interesses dos EUA."
A decisão da Sony Pictures de cancelar o lançamento da sátira A entrevista, temendo ataques terroristas a cinemas, continua provocando controvérsia. A Casa Branca divulgou nesta quinta-feira que o presidente dos EUA, Barack Obama, considera o incidente "séria questão de segurança nacional" e que o governo americano planeja reagir.
Políticos americanos criticaram a empresa, enquanto o grupo defendeu sua decisão. O escritor brasileiro Paulo Coelho ofereceu à Sony 100 mil dólares pelos direitos do filme, afirmando que pretende publicá-lo em seu blog.
O porta-voz de Obama, Josh Earnest, afirmou que haverá uma "resposta apropriada" do governo dos EUA. Um grupo intitulado Guardiões da Paz realizou no final de novembro um ciberataque a computadores da Sony, publicando dados internos e arquivos de filmes na internet. Poucos dias atrás, ele fez ameaças a cinemas e seus espectadores por causa do filme, citando os ataques de 11 de Setembro.
Em mensagem escrita, o grupo advertiu que "um amargo destino" esperava aqueles que fossem assistir ao filme. "Brevemente, todo o mundo vai ver um filme horrível que a Sony Pictures Entertainment fez. O mundo vai estar cheio de medo", advertiu o grupo. Cadeias americanas de cinema avisaram, então, que não exibiriam a produção.
Sem planos de divulgar comédia
A Sony cancelou o lançamento do longa-metragem nos EUA, marcado para 25 de dezembro. Na comédia, dois jornalistas são recrutados pela CIA para assassinar o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un.
A Sony também não planeja outra forma de publicação da sátira, seja em vídeo em canais a cabo privados, seja na forma de DVD, segundo citações divulgadas pela revista Variety atribuídas a uma porta-voz da Sony.
Conforme a imprensa dos EUA, os serviços de inteligência do país suspeitam que uma unidade de elite norte-coreana especializada em ciberataques esteja por trás do incidente. Earnest não quis comentar as suspeitas e disse que não falaria sobre a investigação em curso realizada pelo FBI e pelo Departamento de Justiça dos EUA. Disse, entretanto, que existe motivo para preocupação, já que o ataque, segundo ele, foi realizado por um "ator sofisticado" com "más intenções".
Na Sony, existe a suspeita de que Pyongyang esteja por trás das ameaças. "Nós não sabemos, mas parece ser assim." A empresa também defendeu sua decisão de cancelar a publicação do filme. "Isso é muito maior do que nós", justificaram fontes da companhia, acrescentando que o grupo considera o ocorrido um "ato terrorista", que deve ser levado a sério
"Precedente preocupante"
A decisão da Sony tem sido muito criticada por políticos e artistas. O senador republicano John McCain afirmou que ela cria um "precedente preocupante", que fortalece os agressores e os incentiva a continuar a usar armas cibernéticas de forma ainda mais agressiva no futuro. Um colega de partido afirmou, pelo portal de mensagens curtas Twitter, que esse é um desenvolvimento "muito perigoso". "Esta semana, os EUA perderam sua primeira guerra cibernética", acusou.
Paulo Coelho ofereceu à Sony, via Twitter, 100 mil dólares pelos direitos do filme, afirmando que deseja publicar A Entrevista gratuitamente no seu blog. "Vocês recuperam 0,01% do orçamento e eu posso dizer 'não' a ameaças terroristas", escreveu, em inglês, o autor brasileiro.
O ator e diretor George Clooney reclamou haver falta de solidariedade em Hollywood. Ele afirmou, em entrevista ao portal Deadline.com, especializado na indústria de entretenimento, que ninguém quis assinar uma petição iniciada por ele. No documento, os signatários concordariam que a indústria de cinema não deve se curvar às exigências dos hackers. "Após a publicação de e-mails confidenciais pela mídia, todos estão preocupados de serem os próximos", lamentou.
MD/AS/afp/rtr/dpa