Feira de Hannover começa sob o signo da robotização
7 de abril de 2014Uma indústria para tocar – essa poderia ser a definição do que está acontecendo nesta semana nos imensos pavilhões de exposição da Feira de Hannover. Ali foram montadas linhas de produção completas: grandes, pequenas, para autopeças ou para capas de proteção de telefones celulares.
O objetivo é sempre o mesmo: mostrar a forma mais eficiente, de maior economia energética e mais flexível possível de produção de um produto. E os próprios produtos contêm, atualmente, as informações sobre o que deve acontecer com eles: precisam de uma perfuração no lado esquerdo ou direito, ou não precisam ser perfurado? Que cor deverão ter no final?
Até o dia 11 de abril, a maior feira mundial do setor não está mostrando o que teoricamente seria possível, mas o que já é realidade na indústria, disse o presidente da Feira de Hannover, Jochen Köckler.
"Os fabricantes do mundo devem produzir de forma cada vez mais individual sem perder a competitividade. E a digitalização permite que eles não tenham somente uma linha de produção rígida, que só fabrique um produto no longo prazo", afirmou.
A informação, explica, está agora no produto, que orienta o que a máquina deve fazer. "E então o produto pode receber uma pintura, na segunda-feira, e outra diferente na terça. E é isso que estamos mostrando aqui, esta diversidade de possibilidades", disse Köckler.
Segundo ele, foi um golpe de sorte para a Feira de Hannover o fato de a indústria alemã ter estabelecido a "Indústria 4.0" como meta há alguns anos: "Agora tanto indústrias de grande porte como também empresas de médio porte estão mostrando seus resultados."
Na Feira de Hannover, não está presente somente a indústria alemã, mas também cerca de 5 mil expositores provenientes de 65 países. Mas os alemães, cujos produtos são muitas vezes líderes mundiais de mercado, querem fazer bonito "jogando em casa".
A Siemens, por exemplo, montou um estande mostrando um detalhe de uma moderna linha de produção de automóveis. Eckhardt Ebele, responsável da companhia por sistemas de automação industrial, destacou as exigências do consumidor "de obter o produto que deseja o mais rápido possível". "E essa flexibilidade deve ser garantida. Isso pode ser feito com muito esforço ou "isso pode ser automatizado", explicou.
Padrões abertos, sistemas abertos
Também no estande da empresa de software SAP encontram-se sistema de controle da Siemens numa linha de produção, assim como componentes de outros fabricantes alemães. "É essa cooperação, essa interação, que terá de ficar ainda maior", disse Marina Weidner, da SAP.
No estande da SAP, estão sendo mostrados todos os níveis e elementos necessários para a produção. A Siemens é a responsável pela tecnologia de controle. Com Opcur, utiliza-se um padrão aberto de comunicação, que pode se comunicar, por sua vez, com um software de planejamento de produção e outros sistemas de SAP.
"Todos esses sistemas comunicam-se constantemente entre si, podem integrar as mudanças. Esta é a nossa mensagem: padrões abertos, sistemas abertos – então poderemos implementar todas as exigências de forma flexível."
Apelo de Merkel
Mas se as máquinas se comunicam entre si e com os produtos, a presença humana nas fábricas será cada vez mais dispensável? Uma pergunta que preocupa até mesmo a chanceler federal alemã, Angela Merkel, que abriu a feira na noite de domingo (06/04).
"Mas também para a Indústria 4.0 vale a sentença: a economia deve servir ao ser humano e não o contrário", disse Merkel. Segundo ela, para a Alemanha, isso seria um momento decisivo.
"Vamos conseguir manter a liderança mundial em nossas áreas tradicionais, através de uma associação em tempo útil com as possibilidades da tecnologia de comunicação e informação?", continuou a chanceler. Caso contrário, disse, a conexão com o mundo será perdida em alguns setores: "Isso não deve acontecer. Por esse motivo, vejo a Feira de Hannover com grande esperança, mas também com grandes expectativas frente à indústria alemã."
Preocupações com a Rússia
Além do otimismo usual da feira, nas conversas com os expositores, a preocupação com os negócios na Rússia também está presente. Um ano atrás, o país foi o convidado especial da Feira de Hannover, com a presença de Putin. Atualmente, isso seria impossível. Principalmente representantes do empresariado alemão expressaram a sua preocupação diante do acirramento das sanções.
O empresário Florian Harting, por exemplo, disse temer que "quando, de fato, vierem sanções muito duras, haverá risco de um prejuízo de dezenas de milhões." Isso atingiria diretamente os negócios de sua empresa na Rússia. Harting produz na Rússia conectores e cabos para a indústria ferroviária e para instalações industriais.
Neste ano, em contrapartida, as relações com o país convidado da Feira de Hannover são completamente relaxadas – já que se trata da Holanda. Os vizinhos da Alemanha estão presentes em Hannover com 250 expositores, a terceira maior presença estrangeira nos pavilhões da feira, depois da China e da Itália.