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Recorde em Frankfurt

Júlia Carneiro20 de outubro de 2008

Feira de Frankfurt não sucumbe a crise financeira e tem recorde de público; impulso pode ter sido dado pela onda da digitalização. Das 43 editoras brasileiras presentes, 93% teriam atingido seus objetivos, diz CBL.

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Movimento na Feira de Frankfurt: público 5% maior do que em 2007Foto: AP

Na semana anterior à 60ª Feira de Frankfurt, a montanha-russa nas bolsas de valores mundiais deixou o mercado editorial – assim como outros ramos da economia – de cabelos em pé. Mas as novidades apresentadas na feira parecem ter falado mais alto do que o medo de investir. A feira realizada entre 15 e 19 de outubro atraiu 5,6% pessoas a mais do que em 2007, chegando a quase 300 mil visitantes. O recorde levou o diretor do evento, Jürgen Boos, a concluir: "A digitalização atraiu as pessoas a Frankfurt".

60 Jahre Frankfurter Buchmesse 2008 Jürgen Boos
Jürgen Boos, diretor da Feira de Frankfurt, relacionou bons resultados à onda da digitalizaçãoFoto: picture-alliance/ dpa

A digitalização foi o principal tema desta edição. Um total de 30% dos produtos apresentados na feira eram digitais – entre e-books, leitores eletrônicos e softwares para a produção editorial – e, dos cerca de 400 eventos profissionais promovidos, metade foi dedicada ao tema. Ao que parece, a onda de negócios em torno de e-books e leitores eletrônicos para livros contribuiu para não deixar a peteca cair.

Brasil dá a volta por cima

A participação brasileira também se recuperou rapidamente. Depois de um primeiro dia atribulado no estande brasileiro – os livros, retidos na alfândega de Madri, só chegaram às prateleiras no segundo dia do evento –, as editoras da delegação brasileira saíram, em sua maioria, satisfeitas .

De acordo com uma pesquisa da Câmara Brasileira do Livro (CBL), 98,3% dos editores brasileiros consideraram ter atigindo seus objetivos na feira. Já 87,5% qualificaram o nível de negócios iniciado em Franfkurt como bom ou ótimo, e 64,3% fizeram a mesma avaliação sobre o número de negócios fechados.

E-Book Sony Reader 505
O Sony Reader foi um dos leitores eletrônicos apresentados na feiraFoto: picture-alliance /dpa

Em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), a CBL fez uma parceria para promover a exportação de direitos autorais. Segundo Eduardo Mendes, diretor executivo da CBL, o objetivo é que o Brasil passe a exportar mais sua literatura. O convênio vai investir, ao longo de dois anos, R$ 1,5 milhão para preparar editoras brasileiras para vender direitos autorais para o mercado mundial.

Antes da feira, 40 editoras participaram de um seminário para receber treinamento sobre o processo de exportação de títulos. Para 20 delas, a Feira de Frankfurt foi a primeira prova de fogo: esta foi sua primeira feira após a implantação do convênio. Nos próximos dias, a CBL vai divulgar um relatório sobre as vendas, mostrando se a campanha já surtiu efeitos na estréia.

Comprar ainda é o grande negócio

Um dos maiores exemplos de sucesso até agora é o livro Escrevo, do poeta Gonçalves de Lima. Lançado em Frankfurt pela recém-criada editora Reflexiva, ele recebeu propostas de 30 editoras internacionais. A obra é composta por apenas 16 palavras, reagrupadas em diferentes frases e jogos gráficos ao longo do livro.

Para que o Brasil consiga de fato aumentar a venda de títulos para o exterior, a participação do governo é fundamental, considera Mauro Palermo, diretor executivo da editora Nova Fronteira. "O Brasil é um péssimo vendedor de livros. Em muitos países com menos tradição literária que o Brasil, como a própria Turquia, os governos oferecem subsídios para a tradução e promoção de seus livros e escritores no exterior. O Brasil não faz isso, o que dificulta a proliferação dos autores brasileiros fora do Brasil."

Frankfurter Buchmesse 2008 Schwerpunkt Türkei Logo Grafik
O logotipo da Turquia, país-convidado de 2008: ao fim do evento, bastão foi passado para China

Palermo, porém, também veio comprar: encontrar livros que se tornarão hits no mercado brasileiro continua sendo de longe o foco das editoras brasileiras.

A 60ª Feira de Frankfurt teve 7.373 expositores de cem países (entre eles 43 editoras brasileiras). Na tarde de domingo (19/10), a delegação da Turquia passou o bastão para a China, país convidado de 2009.