ART Cologne 2007
18 de abril de 2007Pela primeira vez, desde sua criação em 1967, a ART Cologne resolveu abrir suas portas durante a primavera européia, o que tradicionalmente acontecia no outono. A 41ª edição da mais antiga feira de arte do mundo acontece de 18 a 22 de abril em Colônia.
Além da diminuição do número de galerias selecionadas, a mudança de calendário reflete o aumento da concorrência e as mudanças no mercado consumidor de obras de arte, cujo boom persiste mesmo após o final da new economy. O único problema é que ninguém sabe até quando.
Seguindo o exemplo de sua principal concorrente, a londrina Frieze Art Fair, a ART Cologne torna-se cada vez mais uma plataforma de encontros e um verdadeiro centro de arte contemporânea, rodeada de eventos paralelos não-comerciais. Inspirada, possivelmente, também por outra forte concorrente, a Art Basel Miami Beach, a ART Cologne se estenderá, em setembro deste ano, à Palma de Maiorca.
Mercado determinador
"A ART Cologne não determina o mercado, o mercado é que determina a ART Cologne", formulou Gérard Goodrow seu dilema no discurso de abertura da última edição da feira, em novembro de 2006, justificando as mudanças a serem efetuadas. Em vez das 270 galerias presentes em 2005, a edição da ART de 2007 escolheu somente 180.
Pelo segundo ano consecutivo, 40 galerias são escolhidas para figurar no Espaço Aberto, onde são apresentados projetos que vão além do ambiente de galeria em um pavilhão de 2,5 mil metros, refletindo assim a arte contemporânea em um contexto urbano.
Como espaço para arte moderna e contemporânea, o colecionador poderá também, evidentemente, comprar obras de artistas clássicos modernos como do escultor Jacques Lipchitz e do pintor Ernst Kirchner. As tendências da arte contemporânea na ART Cologne de 2007 segue a dos anos anteriores: retorno da pintura, sobretudo da figurativa, e desaparecimento da videoarte.
De olho no futuro
Mirando o futuro, a ART traz também duas outras mostras: Novos Talentos e Novos Contemporâneos. Na primeira, será dada a chance a 25 artistas jovens de apresentar seus trabalhos ao mercado internacional. Um exemplo é o fotógrafo islandês Sveinn Fannar Johannsson, de 30 anos, representado pela galeria Caprice Horn, de Berlim. Já o programa Novos Contemporâneos garante espaço de exposição a galeristas jovens com preços subsidiados.
O júri da ART Cologne escolheu 18 galerias de todo o mundo para expor este ano. O proibitivo preço de até cem mil euros para o aluguel dos estandes impede a presença de muitas galeiras da África, Ásia e América Latina.
Além de exposições individuais, como a instalação de luz Entre você e eu, de Anthony McCall, artista nascido no Reino Unido e radicado nos EUA, o programa da ART Cologne também inclui a mostra Tesouros Escondidos, que traz cinco artistas de importância internacional, cujos trabalhos não foram devidamente reconhecidos pelo mercado de arte.
Será arte?
Até 1998, somente obras com dez anos ou mais eram vendidas em casas de leilões. Foi o próprio Gérard Goodrow, diretor da ART Cologne, quem mudou esta tendência ao levar artistas jovens à Christie's. E com grande sucesso.
Se o boom do mercado de arte se deslocou para os leilões, por que as galerias gastam 15% da sua receita anual com a participação em feiras?
Esta pergunta também foi feita pelo Deutscher Kulturrat (Conselho Alemão de Cultura). A conclusão é de que, hoje, as galerias investem em feiras de arte mesmo quando estão no vermelho. Elas avaliam as novas feiras não somente do ponto de vista financeiro, mas como vitrine para clientes, artistas, museus e imprensa.
Como explica o semanário alemão Die Zeit, feiras como a Frieze Art Fair, de Londres, e a Art Basel, da Praia de Miami, não vendem somente arte, mas também o sentimento de estar, na hora exata, no lugar certo. Para o diário berlinense taz, no entanto, Colônia não seria mais o lugar certo, pois a antiga metrópole da arte é reconhecida no máximo, hoje em dia, como metrópole da televisão.