1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Europalia

4 de outubro de 2011

Megafestival sediado na Bélgica pretende fugir dos clichês e traçar um diversificado panorama cultural do Brasil. Abertura do evento em Bruxelas contou com a presença da presidente Dilma Rousseff e da família real belga.

https://p.dw.com/p/12leB
Festival Europalia quer mostrar a diversidade cultural brasileira
Festival Europalia quer mostrar a diversidade cultural brasileiraFoto: Marcello Dantas

Redescobrir o Brasil. Esse é o lema não oficial do Europalia 2011, megafestival cultural sediado na Bélgica que teve início nesta terça-feira (04/10) em Bruxelas. Serão quase quatro meses de eventos que abrangem as mais diversas áreas e promovem o intercâmbio e a aproximação do Brasil com a Bélgica e, consequentemente, com a Europa.

Tendo a diversidade como tema principal, o Europalia Brasil pretende apresentar um vasto panorama da cultura e da vida artística brasileira, mostrando que não existe só um Brasil, mas uma diversidade e riqueza culturais desconhecidas na Europa.

O Europalia é um dos maiores e mais importantes eventos culturais da Bélgica. Fundado em 1969, o festival apresenta, a cada dois anos, um abrangente panorama cultural do país convidado. Além das sete artes, o programa multidisciplinar abrange a fotografia, arquitetura, design, moda e gastronomia.

Dilma no Europalia

O nome do festival vem da junção das palavras Europa e Opalia, festa que acontecia na Roma antiga na época da colheita e celebrava Ops, o deus da fertilidade. Ops é a raiz da palavra Opus, obra (de arte) em latim.

A abertura do evento nesta terça-feira em Bruxelas contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, do rei Alberto 2° e da rainha Paola da Bélgica, como também da ministra da Cultura, Ana de Hollanda.

Em seu discurso, a ministra da Cultura agradeceu com grande entusiasmo o convite. "Grandes e importantes obras da história do Brasil estão em exposição no Europalia". "É como se o Brasil estivesse aqui", completou. Já Dilma elogiou o povo brasileiro por sua "capacidade de viver em paz com toda essa diversidade".

Emergentes

A cantora paulistana Céu é um dos destaques do evento
A cantora paulistana Céu é um dos destaques do eventoFoto: Marcelo Gomes

Depois da Rússia, em 2005, e da China, em 2009, o Brasil é outro integrante do BRIC (grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China) a ser tema do evento.

"Há muito interesse no Brasil", declarou Diane van Hauwaert, assessora de comunicação do evento. "Quando estávamos pensando na edição de 2011, o Brasil pareceu a decisão perfeita. Queríamos aproveitar a popularidade do país na Europa e usar o festival para mostrar que o Brasil vai muito além dos clichês".

Para isso foram mais de dois anos de trabalho, que começou antes do então presidente Lula assinar um pré-acordo com o festival quando esteve na Bélgica em 2009. "Primeiramente montamos uma curadoria com especialistas em cultura brasileira de toda a Europa. Paralelamente, o Ministério da Cultura no Brasil fez a mesma coisa. Cada time montou o seu programa ideal. Colocamos os dois lado a lado e buscamos os pontos em comum", explicou Van Hauwaert.

A lista foi então levada a mais de 200 parceiros, entre museus, centros culturais e casas de espetáculos, onde foi discutida a viabilidade de exposições, performances e shows. Além de agradar ao público, o festival também pretende surpreender com espetáculos e artistas que nunca estiveram na Europa.

Apesar de ser uma iniciativa belga, o Europalia procura ter uma identidade europeia e como órgão independente tem total liberdade de escolher seus parceiros. "O Brasil é um grande parceiro da União Europeia. Queremos explorar a vida cultural desse enorme país emergente, e não apenas o lado econômico e diplomático", completou a assessora. Além de se apresentar em cidades da Bélgica, o festival também acontece em menor escala na França, Holanda e Alemanha.

Diversidade multidisciplinar

Cineasta Walter Salles também vem para discussões e workshops no Europalia
Cineasta Walter Salles também vem para discussões e workshops no EuropaliaFoto: AP

As artes plásticas e arquitetura são mostradas no festival através de uma grande e completa retrospectiva. São 24 exposições que vão da arte indígena à arte de rua, passando pela construção de Brasília.

O Palais des Beaux-Arts recebe duas grandes mostras. Através de obras de Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi e Victor Meirelles, Brazil. Brasil pretende mostrar o desenvolvimento da visão dos artistas brasileiros sobre o país e a formação da identidade nacional. Artistas como Hélio Oiticica e Lygia Clark integram a exposição Art in Brazil (1950-2011), que traça um painel da arte contemporânea brasileira.

Música, dança e performance são outros pontos fortes do festival. "Queremos mostrar sempre um panorama cultural completo, mas sempre damos destaque ao que o país tem de mais forte", explicou Van Hauwaert, destacando as noites temáticas com diversas e variadas apresentações de samba e de música regional. O festival também traz nomes da música contemporânea como a cantora Céu e as bandas Cidadão Instigado e Hurtmold.

No cinema e na literatura grandes nomes como Hector Babenco, Augusto de Campos, Walter Salles, Bernardo Carvalho, Eduardo Coutinho, Suzana Amaral, Paulo Lins participam de discussões e workshops.

Com mais de 600 eventos até o dia 15 de janeiro de 2012, o Europalia pretende mostrar para os europeus que as riquezas do Brasil vão muito além do crescimento econômico.

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Carlos Albuquerque