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E a Fifa cedeu...

10 de novembro de 2011

A pressão brasileira funcionou e a Fifa aceitou oferecer ingressos pela metade do preço a idosos. Categoria especial a ser criada poderá beneficiar estudantes, índios e quem recebe Bolsa Família.

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Idoso pagará 50% a menos em ingressos para primeira fase da CopaFoto: picture alliance / dpa

A persistência brasileira parece ter amansado os guardiões da Copa do Mundo. "A Fifa vai aceitar a redução de 50% para brasileiros maiores de 60 anos", afirmou nesta quinta-feira (10/11) à DW Brasil o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, ao falar sobre os ingressos para o Mundial de 2014. A decisão é fruto de sua passagem de dois dias no Brasil esta semana.

Um dos principais pontos de desavença pública entre as duas partes– até então – era a concessão de meia-entrada para idosos e estudantes. Apesar da relutância da Fifa a não admitir a venda de ingressos mais baratos a esse público, o governo brasileiro argumenta ser impossível negar a concessão de meia-entrada para os maiores de 60 anos, já quer se trata de um direito assegurado pelo Estatuto do Idoso.

"A Fifa respeita completamente a legislação brasileira", dizia a nota enviada pela organização. Antes de deixar o país, na última terça-feira, Valcke já havia dado sinais de conciliação e da concordância da entidade em aceitar as demandas do governo. "Não há razão para haver tensão entre nós. Estamos juntos no mesmo barco", declarou antes de deixar Brasília.

Leis nacionais x lucros da Fifa

Em um encontro entre Valcke e a presidente Dilma Rousseff em outubro último em Bruxelas, o secretário-geral argumentou que o desconto no ingresso para idosos e estudantes era praticamente inaceitável no Mundial de Futebol. Neste caso, a legislação brasileira prevaleceu.

A Fifa também afirmou que vai introduzir a chamada "categoria 4", que inclui ingressos a preços mais baixos – em torno de 25 dólares, ou 43 reais. "Essa categoria especial irá substituir qualquer outra redução", ressaltou o comunicado, e estará disponível só para os jogos da primeira fase, excluindo a partida da abertura.

Isso porque, além dos estudantes, o governo brasileiro quer garantir que também índios e beneficiários do programa Bolsa Família possam comprar ingressos mais baratos. O tema segue em discussão.

No Brasil, Valcke explicou que a posição da Fifa não tem nada a ver com dinheiro, mas com dificuldades técnicas. "A meia-entrada envolve procedimentos como a necessidade de apresentar um documento de identidade. Fica complexo porque os tíquetes serão vendidos ao mesmo tempo em diversas partes do mundo, pela internet. Além disso, os ingressos serão impressos no último momento, por questões de segurança."

Futebol e bebidas alcoólicas

 Outro ponto sensível: o da venda de bebida alcoólicas nos estádios durante a Copa, o que é proibido na Brasil, segundo o estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Para a Fifa, essa lei brasileira pode prejudicar drasticamente os patrocinadores do evento esportivo. Para fazer essas e outras mudanças e permitir exceções à legislação brasileira durante o Mundial de 2014, o governo precisa sancionar a chamada Lei Geral da Copa, que está em discussão no Congresso.

Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, disse que a matéria deve ser votada até o final do ano, e sinaliza que o país vai atender às demandas da entidade. "Vamos ter que adequar boa parte do texto com as questões colocadas pela Fifa às legislações dos Estados. Mas não é tema maior. Durante a Copa do Mundo podemos abrir exceções na legislação brasileira em torno desse tema", declarou após um encontro com Valcke.

A estimativa oficial é que o Mundial de 2014 vai trazer 183,2 bilhões de reais à economia brasileira entre os anos de 2010 e 2019, e mobilizar 33 bilhões de reais em investimentos na infraestrutura. O maior evento esportivo do mundo levou mais de 3 milhões de torcedores às 64 partidas do Mundial da África, segundo o relatório da Fifa de 2010.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer