Filme alemão leva multidões ao cinema
31 de julho de 2004Antes mesmo de entrar em circuito nacional, a comédia (T)Raumschiff Surprise, Periode 1, já estava dando o que falar. Não era para menos, afinal, o diretor e um dos protagonistas é Michael Herbig, conhecido como Bully. Seu trabalho anterior, Schuh des Manitu, uma paródia dos filmes de faroeste, atraiu mais de 11 milhões de espectadores na Alemanha, entrando para o rol das produções cinematográficas mais bem-sucedidas de todos os tempos.
A tônica de seu trabalho é o deboche e besteirol carregados de clichês. Para acentuar o uso destes recursos em cena, Bully optou por uma interpretação exagerada, cheia de trejeitos e muita expressão corporal. E neste contexto, nada melhor do que um personagem bem afetado, um homossexual daqueles assumidíssimos!
Em seu primeiro longa-metragem, o índio por ele interpretado era uma flor de pessoa, delicado e trapalhão. Neste segundo filme, ele não está sozinho. Seu personagem, Mr. Spuck (com aquelas inconfundíveis orelhinhas), rebola e abusa dos gestos tanto quanto os dois outros integrantes da nave Surprise.
Confusões e trapalhadas
Solitários em uma viagem espacial e sonhando em colocar o corpinho em forma para o concurso de miss Waikiki, o trio nada heróico é chamado à Terra por representantes da Confederação das Nações para salvar o planeta.
Quando chegam à reunião trazem a tiracolo um motorista de táxi espacial (interpretado pelo galã Til Schweiger), indignado com a destruição de seu veículo. A missão prevê o retorno ao passado e um sofá com poderes estilo "túnel do tempo" acaba levando Spuck, capitão Kork, o motorista e a mocinha (que não poderia deixar de faltar) ao século passado.
A partir daí, é uma confusão e trapalhada atrás da outra, sempre com a figura do vilão (também estereotipado) no encalço do quarteto. O final, como convêm a uma paródia, é feliz, alegre, e, no caso, cor de rosa – literalmente!
Fenômeno de sucesso
(T)Raumschiff Surprise, que mistura elementos de clásssicos da ficção científica, como Guerra nas Estrelas, O Quinto Elemento e Matrix, já levou mais de 3,45 milhões de pessoas às salas de cinema desde que entrou em cartaz, há menos de duas semanas. O filme desbancou até Harry Potter e a Pedra Filosofal da liderança dos mais assistidos na Alemanha.
O sucesso deste longa-metragem, cujo tema foi democraticamente escolhido pelo público, é tão grande que até a coreografia que o trio dança no filme está sendo imitada por todos. As emissoras de música, como a MTV, se renderam aos gracejos dos intergaláticos e incluíram o clipe na programação.
O elenco, a produção, as tiradas cômicas mas em especial o talento de Bully e sua incrível capacidade de interpretação é que conferem ao filme o sucesso de público. Prova de que os alemães passaram a curtir mais o gênero pastelão? Quem sabe.
Uma coisa é certa. Ninguém resiste ao carisma de Mr. Spuck. Ainda mais quanto ele, em profunda tristeza, baixa as orelhinhas e olha desolado para a câmera. Ou quando, em estado de euforia, sai abanando as mãos e dando "aquela" requebradinha básica. Ui!