A vitória do menor
9 de janeiro de 2010No fim das contas, o menor saiu vencendo: os primeiros satélites para o sistema europeu de geoposicionamento Galileo serão construídos pela OHB. Na luta por essa importante encomenda, a firma de alta tecnologia de Bremen se impôs diante da muito mais potente Astrium, subsidiária alemã da EADS.
Bolo dividido
A especialista em aeronavegação OHB recebeu na quinta-feira (07/01) o sinal verde da Comissão Europeia para a produção dos primeiros 14 satélites. Na segunda leva, poderá chegar a vez também para a concorrente EADS-Astrium. A alegria é grande tanto para o governo como para o empresariado da Alemanha. Segundo o ministro alemão dos Transportes, Peter Ramsauer, trata-se de um prova de competitividade internacional.
Com 566 milhões de euros, caberá à OHB a – até agora – mais valiosa encomenda dentro do projeto bilionário. O diretor executivo da empresa, Marco Fuchs, declarou-se confiante em sua capacidade de apoiar o gigantesco empreendimento, e, ao mesmo tempo, obter lucro.
"Somos uma empresa familiar, não arriscamos a casa e a fábrica por uma encomenda dessas." Pelo contrário: há expectativas de criação de um grande número de postos de trabalho.
Custos incertos
À italiana ThalesAleniaSpace coube um contrato no valor de 85 milhões de euros para apoio de sistemas no Galileo. A Arianespace, da França, enviará os satélites ao espaço a partir da Guiana Francesa, com o auxílio de mísseis lançadores Soyuz. O primeiro lançamento está previsto para outubro de 2012. A OHB se compromete a fazer suas entregas entre 2012 e 2014.
O novo sistema de navegação possibilitará, a partir do espaço sideral, realizar posicionamentos para transportes e agricultura, com precisão de alguns metros. Deste modo, a União Europeia e Agência Espacial Europeia (ESA) querem quebrar o monopólio do serviço norte-americano de geoposicionamento GPS.
Contudo, o Galileo estará interconectado, não só com o GPS, como com os sistemas da Rússia e da China, explicou em Bruxelas o comissário de Transportes da UE, Antonio Tajani.
Briga por frequências
Apesar de suas metas ambiciosas, é incerto se o sistema europeu chegará a proporcionar lucro. Tajani admite ser possível que, ao todo, o Galileo acabe custando mais do que os 3,4 bilhões de euros de verbas da União Europeia calculados até agora.
"Para ser honesto: pode ser que tenhamos problemas no futuro. Porém no momento nos orientamos pelo orçamento." Segundo o comissário da UE, os mísseis lançadores são o maior fator de incerteza, em decorrência dos custos de combustível, entre outros motivos.
Durante muito tempo, o projeto Galileo esteve em suspense, devido a disputas relativas a seu financiamento. Ele só foi adiante quando as 27 nações da UE resolveram apoiar o megaprojeto com verbas públicas, renunciando à espera por investidores privados.
Os concorrentes da China (Compass) e Rússia (Glonass) já estão há um bom tempo em circulação, e os Estados Unidos também planejam uma versão modernizada do GPS. Até o Galileo estar em pleno funcionamento, a briga pelas frequências de transmissão poderá ficar acirrada.
AV/afp/ap/dpa/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer