Focos de covid-19 elevam taxas de infecção na Europa
13 de agosto de 2020Na Bruxelas metropolitana, desde a manhã desta quarta-feira (12/08) é obrigatório o uso de máscara protetora em toda hora e local para seus 1,2 milhão de habitantes, exceto quando estejam praticando esportes. Além disso, como no resto da Bélgica, apenas cinco pessoas podem se encontrar em particular, e só se pode ir às compras sozinho.
Assim, Bruxelas é a capital europeia com as diretrizes anti-covid-19 mais severas. Juntamente com a região da Antuérpia, no norte do país, a cidade pertence às áreas com as taxas de contágio mais altas do continente, segundo as mais recentes estatísticas compiladas semanalmente pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), em Estocolmo.
Entretanto o número de novas infecções ainda está longe do visto na primeira onda da pandemia, em março e abril, quando vigoravam restrições de circulação em quase toda a Europa. O ECDC conclui que os contágios por coronavírus aumentam em todo o âmbito europeu, porém ainda é possível distinguir focos regionais, sobretudo em Luxemburgo, na Bélgica, em algumas regiões do nordeste da Espanha, nas cercanias de Lisboa, em partes da Romênia e da Bulgária, e em Malta.
As cifras do ECDC descrevem a situação de aproximadamente 14 dias atrás. O Instituto Robert Koch (RKI), que define as zonas de risco para a Alemanha, considera a capital Madri perigosa, pois nos últimos sete dias apresentou 80 infecções para cada 100 mil habitantes. A instituição alemã define 50 como limite.
Outra tendência acusada pelo centro de enfermidades ECDC é que o número de óbitos por covid-19 não sobe na proporção que o volume de novas infecções faria supor. Também o número de pacientes em cuidados intensivos nos hospitais não cresce tão rápido quanto o de enfermos. Virologistas supõem que isso se deva ao fato de os novos contagiados serem mais jovens, e portanto não apresentarem quadros clínicos tão graves.
Difícil comparação europeia
A autoridade europeia para controle de doenças enfatiza ser altamente difícil comparar os diferentes Estados da União Europeia entre si, já que os métodos de coleta de dados diferem. O número de testes de coronavírus também varia de país para país, o que naturalmente se reflete no total de casos confirmados.
Assim, com mais de 150 infecções por 100 mil habitantes, Luxemburgo está em primeiro lugar há 14 dias. Contudo o país também é campeão solitário de testagem: quase sua população total, de 600 mil, já se submeteu ao exame. Assim, a cota luxemburguesa semanal de testes é de 10 mil para cada 100 mil habitantes, contra apenas 600 na Alemanha, ou 300 na Croácia.
A França apresenta atualmente, em média, 1.600 novos casos por dia, resultado em que, em diversas metrópoles, inclusive Paris é obrigatório, o uso de máscara em locais públicos. O ministro do Interior, Jean Castex, apelou à população para que se atenha mais às regras de distanciamento e às restrições, senão poderá ser decretada uma nova quarentena geral, com restrições de circulação severas, e "realmente ninguém quer passar por isso uma segunda vez".
Na Alemanha, o número diário de novos casos vem circulando em torno dos mil. Nesta quinta-feira (13/08), o país registrou pelo segundo dia consecutivo um recorde de infecções diárias em mais de três meses: foram 1.445 casos em 24 horas. Na véspera haviam sido 1.226 novos casos, o nível mais alto desde 9 de maio, quando 1.251 infecções foram identificadas.
Em entrevista, o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, classificou a tendência como "preocupante", pedindo extremos cuidado, pois há numerosos pequenos surtos em todo o território. Ainda assim, o país aparenta estar bem, na comparação europeia, com uma incidência de 13 contágios por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, contra 80 na Romênia, ou 60 na Bélgica e Malta.
Em sua análise de risco semanal, os especialistas do ECDC consideram "moderado" o risco de uma maior propagação da covid-19 nos países que aplicam distanciamento social e rastreamento local das cadeias de contágio. Para aqueles cuja população não mais se atém às regras de distanciamento e higiene, contudo, o risco de uma escalada da pandemia é "elevado a muito elevado".
Para além das fronteiras da UE, nota-se que o crescimento exponencial do número de casos se mantém: ao contrário do território europeu, a curva de contágios não se aplainou. As novas infecções são especialmente frequentes nos Estados Unidos e no Brasil, que registrou mais de 55 mil novos casos nesta quarta-feira.
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