"Foi tomada a decisão errada"
20 de março de 2003"Prezados concidadãos,
tentamos impedir a guerra, até o último minuto.
Estou certo de que havia um outro caminho para desarmar o ditador: o caminho das Nações Unidas. Comove-me saber que, com essa posição, estou unido com a grande maioria de meu povo, com a maioria no Conselho de Segurança e a maioria de todos os povos. Foi tomada a decisão errada. A lógica da guerra derrotou as chances de paz. Milhares de pessoas irão sofrer terrivelmente com isso.
Mas este não é o momento para apontar culpados ou contar as falhas. O que nos resta fazer agora deve apontar para o futuro: a guerra começou. Ela deve ser terminada tão rápido quanto possível. As bombas caem. Esperamos que as vítimas entre a população civil sejam tão mínimas quanto possível.
Uma coisa é certa: a Alemanha não participa dessa guerra. Mas naturalmente a Alemanha não ficará de fora, quando se tratar de ajudar as pessoas. Estamos dispostos a prestar ajuda humanitária no âmbito das Nações Unidas. Estamos dispostos a ajudar os refugiados, com alimentação, medicamentos e roupas. Estamos dispostos a oferecer assistência médica a soldados feridos. E naturalmente continuamos dispostos a, sob o comando das Nações Unidas, prestar toda a contribuição que estiver a nosso alcance para uma ordem política após a guerra que, esperamos, seja uma ordem pacífica para o Iraque e toda a região.
Eu disse que foi tomada a decisão errada. Esta é a nossa convicção, que precisa ser claramente expressa. E nós partilhamos essa convicção com o presidente francês Jacques Chirac, com o presidente russo Vladimir Putin e com muitos outros com muita responsabilidade política no mundo.
As divergências sobre uma guerra são claras diferenças de opinião entre governos e não diferenças profundas entre povos amigos. A essência de nossas relações com os Estados Unidos da América não está em perigo.
Os povos do mundo desejam a paz. Eles desejam o primado do direito, que é a base de toda liberdade. Nós trabalhamos para isso. A Alemanha, isso eu assegurei, não participa da guerra do Iraque. Mas naturalmente a Alemanha cumprirá suas obrigações no âmbito da aliança da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Prezados concidadãos,
muitos de vocês, mais idosos do que eu, sabem o que significa uma guerra. Vocês a vivenciaram, ou melhor, sobreviveram à guerra. Desde então, reina paz em nosso país. E segurança interna. Esta segurança não está ameaçada. Mas ninguém pode descartar a possibilidade de ocorrerem ataques terroristas em qualquer parte do mundo, nem mesmo entre nós. Por isso, a polícia e as forças de segurança agora são conclamadas a maior vigilância em toda a parte na Europa. Mas não há motivo para pânico ou também para preocupações especiais. Eu lhes asseguro que os governos federal e estaduais tomaram e tomarão todas as providências para garantir na Alemanha o máximo de segurança imaginável. Nisso vocês podem confiar.
Espero, junto com vocês, que a guerra no Iraque chegue rapidamente ao seu fim. É o que espero pelas pessoas atingidas, sejam elas civis ou soldados. E é o que eu espero, porque o mundo, em função de seu futuro, precisa voltar o quanto antes possível ao caminho da paz."