Fracassa terceira rodada de sondagens para formar novo governo grego
11 de maio de 2012A terceira rodada de negociações para formar uma aliança de governo fracassou nesta sexta-feira (11/05) após o líder do segundo maior partido da Grécia, a Coalizão da Esquerda Radical, ter se recusado a participar de uma aliança governamental, rejeitando se aliar a socialistas e conservadores.
"Não é a Coalizão de Esquerda que rejeita esta proposta, mas o povo grego que o faz, através de seu voto de domingo", disse o chefe do partido, Alexis Tsipras, após um encontro com Evangelos Venizelos, o chefe do socialista Pasok e encarregado de liderar as negociações para formação de governo, após o fracasso das duas tentativas anteriores.
Venizelos recebeu na quinta-feira um mandato para formar o novo governo, enquanto chefe da terceira maior bancada parlamentar. Antes, o conservador Nova Democracia e a Coalizão de Esquerda Radical, respectivamente primeiro e segundo partidos mais votados nas eleições de domingo, haviam fracassado em formar uma nova aliança governamental.
Primeiro passo
Após se encontrar com o chefe da Esquerda Democrática, Fotis Kouvelis, na noite de quinta-feira, Venizelos chegou a afirmar que havia conseguido um "primeiro passo" para a formação de uma aliança. Com os seus 19 deputados, a Esquerda Democrática tem uma bancada reduzida, mas com membros suficientes para garantir uma maioria parlamentar necessária em uma aliança formada com socialistas e conservadores.
Nesta sexta, entretanto, Kouvelis afirmou que só iria participar de um governo que incluísse também a Coalizão da Esquerda Radical, agremiação que é contra o programa de austeridade e reformas implementado na Grécia.
Kouvelis argumentou que não poderia participar de um governo sem participação daquele que saiu das urnas como o segundo partido mais votado. "Sem a Coalizão de Esquerda Radical, não pode haver a formação de um governo que reflita a vontade política pública", afirmou.
Encontro no sábado
O presidente grego, Karolos Papoulias, agendou um encontro com Venizelos para este sábado. Papoulias havia informado nesta semana que, caso Venizelos fracassasse, reuniria os chefes dos partidos para tentar mediar a formação de um governo de unidade nacional.
"Espero que durante o encontro com Karolos Papoulias cada partido assuma sua responsabilidade", afirmou Venizelos. Caso os partidos não cheguem a um acordo até a próxima quinta-feira, serão convocadas novas eleições, a ocorrerem em meados de junho.
No caso de novas eleições, a esquerda radical, contrária ao programa de austeridade econômica, poderá sair das urnas como vencedora. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Marc e divulgada na quinta-feira aponta que o partido Coalizão da Esquerda Radical obteria 23,8% dos votos, se firmando como bancada mais forte no Parlamento.
Na eleição no último domingo, o partido surpreendeu, se tornando a segunda maior força política. A pesquisa, primeira realizada após a eleição de domingo, aponta que o conservador Nova Democracia cairia de primeiro para segundo lugar, com 17,4%.
Pressão externa
A Coalizão da Esquerda Radical pede a renegociação do pacote de austeridade e responsabiliza as medidas de economia pela desastrosa situação econômica na Grécia. De acordo com novos números da Comissão Europeia, a Grécia deve contar neste ano com um declínio de 4,7% em seu Produto Interno Bruto (PIB) e um déficit de 7,3% do PIB.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, advertiu nesta sexta-feira para que a Grécia não se afaste de seus compromissos em relação às medidas de austeridade. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, disse em entrevista ao jornal Rheinische Post que a zona euro pode suportar a saída da Grécia, se necessário.
Um porta-voz do Ministério alemão das Finanças sublinhou, no entanto, que Schäuble ressaltou que ninguém quer que a Grécia saia da zona do euro. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, advertiu na televisão italiana que, sem a observância dos acordos acertados, a Grécia poderá vir a ter que sair da zona do euro.
MD/rtr/afp/dadp
Revisão: Roselaine Wandscheer