Franceses voltam às ruas contra reforma da Previdência
9 de janeiro de 2020Ferroviários, professores, médicos, advogados e outros profissionais saíram às ruas na França nesta quinta-feira (09/01) para pressionar o presidente Emmanuel Macron a recuar em sua controversa reforma previdenciária, após mais de um mês de greves e mobilizações.
Os sindicatos reuniram apoiadores na esperança de recuperar a força do movimento, num momento em que a participação na greve iniciada há 36 dias diminuiu e as pesquisas de opinião mostram a queda do apoio da população à paralisação.
A polícia disparou gás lacrimogêneo contra manifestantes em Nantes, enquanto em Bordeaux, Marselha e Toulouse, trabalhadores carregavam bandeiras dos sindicatos e sinalizadores de fumaça durante protestos pacíficos. Uma manifestação foi marcada para o final do dia em Paris.
"Você para um movimento quando os trabalhadores sentem que suas demandas estão sobre a mesa", afirmou Philippe Martinez, chefe do sindicato CGT à radio Europe 1. "Nós não recebemos resposta do governo."
A Torre Eiffel foi fechada depois que funcionários se juntaram à paralisação. O metrô de Paris foi severamente afetado, com exceção de duas linhas.
A companhia ferroviária nacional, a SNCF, afirmou que três em cada cinco trens de alta velocidade estão funcionando normalmente. Viagens de trens regionais também foram afetadas, e muitas escolas permaneceram fechadas.
Os sindicatos também pediram aos trabalhadores que bloqueassem o acesso rodoviário a grandes portos, inclusive na cidade de Marselha, no sul do país.
As negociações entre governo e sindicatos foram retomadas nesta terça-feira, mas, até agora, nenhum compromisso foi alcançado. Uma nova rodada de negociações focando o financiamento do novo sistema de pensões está programada para sexta-feira.
Até agora, o governo mantém seu plano de passar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos, a parte mais criticada das propostas. As mudanças visam unificar os 42 regimes diferentes de aposentadoria que existem na França.
A reforma proposta seria a maior revisão do sistema previdenciário do país desde a Segunda Guerra Mundial e é um dos focos do presidente para tornar a força de trabalho francesa mais flexível e competitiva globalmente.
Sob regimes de pensão específicos, algumas pessoas, como ferroviários, podem se aposentar antecipadamente. Outros, como advogados e médicos, pagam menos impostos.
Os sindicatos temem que as pessoas tenham que trabalhar mais para receber aposentadorias mais baixas, e pesquisas sugerem que pelo menos metade dos franceses ainda apoia as greves.
FC/rtr/ap
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