Franz Marc, um "cavaleiro azul" na Baviera
O dia 4 de março de 2016 marca os cem anos da morte do pintor muniquense, que foi um dos que firmaram os princípios do expressionismo na arte alemã. Museu em Kochel am See, região que o inspirou, homenageia Franz Marc.
Amor pela natureza
Telas como "Corças vermelhas 2", de 1912, rompem com a representação tradicional da natureza na arte, e hoje constam entre os mais populares ícones do modernismo. Franz Marc se transporta para dentro da natureza e da essência dos animais, empregando uma linguagem de cores e formas totalmente inédita. Este quadro a óleo faz parte do acervo do Museu Franz Marc em Kochel am See.
Paisagem inspiradora
O artista nascido em 1880 em Munique já passava as férias em criança na região do lago Staffelsee, no sul da Alemanha. Mais tarde, a cidadezinha de Sindelsdorf será seu refúgio de verão. Em 1914, muda-se com a esposa, Maria, para Kochel am See. A vida simples e ligada à natureza no interior da Baviera é base da atividade criativa de Franz Marc.
Guinada artística
Após estudar na Academia de Artes de Munique, Marc fica fascinado ao se confrontar com os estilos de Vincent van Gogh, Paul Gauguin e Henri Matisse em Paris. Agora sua ambição como pintor é não mais representar, mas sim expressar o interior. Buscando motivos pictóricos, faz caminhadas pelos prados bávaros. No chalé Staffelalm deixou duas pinturas murais, acessíveis ao público no ano do jubileu.
Da arte à guerra
A Primeira Guerra Mundial interrompe a fase criativa altamente prolífica de Marc. Em agosto de 1914, ele é recrutado. As cartas do campo de batalha à esposa, Maria, são documentos tocantes do amor de ambos. O artista envia um último cartão na manhã do dia de sua morte: em 4 de março, ele é atingido por um estilhaço de granada perto de Verdun. Franz Marc estava com 36 anos de idade.
Local da memória
Franz Marc foi sepultado no local que escolhera como lar, Kochel am See. Desde 1986, é mantido lá um museu em sua homenagem. A instituição, ampliado em 2008 com uma nova ala, comemora os 100 anos da morte do artista com a exposição em forma de trilogia "Franz Marc: Entre utopia e apocalipse" e uma série de eventos.
Originais de volta ao local de criação
Para o jubileu, o Museu Franz Marc de Kochel também reúne temporariamente obras importantes trazidas de grandes coleções na Europa e nos Estados Unidos. Assim, de 5 de março a 5 de junho de 2016 poderá ser vista "A terra pobre" (1913), da Coleção Solomon R. Guggenheim. E, de 12 de junho a 11 de setembro, "Cavalos pastando IV" (1911), do Busch Reisinger Museum Cambridge, nos EUA.
Cavalos azuis e o expressionismo
Marc pintava gatos, cães, vacas, corças, raposas, tigres e cavalos – estes últimos com frequência especial e até transformados em animais fantásticos. Seu "Cavalo azul I" (1911), exposto na Lenbachhaus de Munique, simboliza a energia progressista da associação Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul), berço do expressionismo. Opondo-se às convenções da arte acadêmica, ela chegou até a abstração.
Círculo de amigos
No idílio da Alta Baviera, a pintora Gabriele Münter e seu companheiro Vassily Kandinsky se estabeleceram. Sua casa em Murnau se transforma em ponto de encontro para a vanguarda da arte alemã e russa da época. Juntamente com Franz Marc, August Macke, Paul Klee, Alexej von Jawlensky e Marianne von Werefkin, o casal formula no "Almanach des Blauen Reiters" suas ideias da "Nova Arte" expressionista.
Luta das cores primárias
"Azul é o princípio masculino – rude e espiritual. Amarelo é o princípio feminino – suave, jovial e sensual. Vermelho é a matéria, brutal e pesada, e sempre a cor que precisa ser combatida e suplantada pelas outras duas!", escrevia Marc em 1910 a seu amigo August Macke. A obra "Vaca amarela" (1911) faz parte, desde 1949, da coleção da Solomon R. Guggenheim Foundation, em Nova York.
Terra Azul
Legado de Franz Marc é também a denominação "Blaues Land" (Terra Azul) para a região entre Murnau e Kochel am See. Os matizes cambiantes de azul na luminosidade da paisagem não fascinam apenas artistas plásticos. Excursões guiadas também levam turistas aos locais onde os artistas do movimento expressionista Der Blaue Reiter buscavam seus motivos pictóricos.