Bom sinal
19 de janeiro de 2012França e Espanha conseguiram levantar fundos a juros mais baixos no primeiro leilão de títulos públicos desde que a agência Standard & Poor's rebaixou as avaliações de crédito dos dois países, na semana passada. Ambos demonstraram, assim, que ainda podem tomar empréstimos a juros acessíveis, apesar da enxurrada de rebaixamentos de ratings na zona do euro.
Mesmo tendo sua avaliação rebaixada de AA- para A, a Espanha superou as expectativas iniciais de vender entre 2,5 bilhões e 4,5 bilhões de euros em títulos e acabou colocando no mercado papéis no valor de 6,6 bilhões de euros. Os juros médios caíram dos 6,975% registrados em 17 de novembro passado para 5,403% nos títulos de dez anos.
O leilão, que incluiu papéis com vencimentos de longo prazo, significa que o país já conseguiu captar 19% das suas necessidades para o ano de 2012. Este foi o sexto leilão de títulos bem-sucedido consecutivo da Espanha, o que dá à gestão do novo primeiro-ministro Mariano Rajoy um pouco mais de alívio num momento em que o país se vê com sérios problemas de deficit público financeiro.
A França, por sua vez, levantou quase 9,5 bilhões de euros também em sua primeira venda após a perda da sua avaliação triplo A. Os juros também ficaram menores – em média caíram dos 2,3% de novembro para 1,07% nos papéis de dez anos. O retorno de títulos de curto prazo também caiu pela metade, de 1,5% para 1%.
Bom sinal
Especialistas avaliaram com otimismo os bons resultados de Espanha e França. "A demanda forte e saudável pelos títulos da dívida da Espanha e da França demonstrou o quanto esses mercados não se abalaram com o recente rebaixamento da S&P que tirou da França seu triplo A", avaliou a negociadora Anita Paluch, da Gekko Global Markets.
"As emissões correram sem dificuldades, o que, considerando a ambiente de ainda tenso do mercado financeiro, é um bom sinal", diz Viola Stork, do banco alemão estadual de Hessen-Thüringen (Helaba). Ela ressaltou ainda o bom desempenho espanhol, que conseguiu levantar mais recursos que o esperado.
"Foi um bom resultado, que reflete a injeção de recursos do BCE e mostra que a Espanha superou os piores momentos da crise de confiança dos investidores", disse a economista Estefanía Ponte, da Cortal Consors.
No caso francês, avaliam especialistas, o rebaixamento anunciado pela agência norte-americana já havia sido antecipado pelo mercado, e por isso teve pouco impacto nos rendimentos do país no mercado secundário e no leilão de cartas na segunda-feira.
"O rebaixamento da França e da Espanha pela Standard & Poor's na última sexta-feira foi evidentemente apenas fogo de palha", afirma Stork. A especialista alerta, porém, que o momento não é de euforia. "Não só na Grécia, mas também em Portugal não há motivos para o fim do alarme", ressalta.
MSB/rtr/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler