França proíbe inseticidas nocivos às abelhas
30 de agosto de 2018A França proíbe a partir do próximo sábado (1º/09), o uso, em espaços abertos, de cinco inseticidas considerados responsáveis pela morte de colônias de abelhas. Eles fazem parte da categoria dos chamados neonicotinoides, derivados da nicotina.
Com a medida, o país implementa uma regulamentação mais severa do que a adotada atualmente pela União Europeia (UE).
Neonicotinoides estão entre os pesticidas mais utilizados no mundo. Eles são usados em videiras, árvores frutíferas e campos de plantação. No entanto, os agentes não matam apenas pulgões e outras pragas, mas afetam também as abelhas.
Os químicos enfraquecem o sistema imunológico das abelhas, perturbam sua orientação e comprometem sua fertilidade, apontam ambientalistas. Em doses mais altas, podem até matar as abelhas.
Há muitos anos, apicultores franceses perdem cerca de 30% de suas populações de abelhas no inverno. No último, a queda foi ainda maior.
Diante desse cenário, a França decidiu proibir cincos dos químicos controversos. Em 1º de setembro entra em vigor no país a Lei da Biodiversidade. Aprovada em 2016, a nova legislação coloca os químicos imidacloprid, clotianidina, tiametoxam, tiaclopride e acetamiprida na lista negra – os três primeiros também serão proibidos pela UE a partir de dezembro.
Diversos dos agentes proibidos são produzidos pela multinacional alemã Bayer. A empresa entrou com uma ação judicial em nível europeu contra restrições a seus negócios. A Bayer afirma que os argumentos dos críticos são "cientificamente infundados".
Ambientalistas também não estão completamente satisfeitos com a abordagem francesa, porque exceções podem ser concedidas para o uso dos produtos até 2020.
Além disso, os agentes controversos seguem permitidos em estufas e podem ser utilizados em sprays contra carrapatos para gatos. E foram aprovados novos pesticidas que podem ser igualmente prejudiciais.
"Expor crianças pequenas ou mulheres grávidas a esses produtos neurotóxicos não é uma boa notícia para o cérebro humano", disse François Veillerette, da associação ambiental Générations Futures (Gerações Futuras, em tradução livre).
No entanto, ele reconhece que não há evidências científicas da necessidade de uma proibição mais abrangente. Pesquisadores têm opiniões divergentes em relação à nova lei francesa.
"Qualquer inseticida pode matar abelhas", afirma Axel Decourtye, diretor científico do Instituto de Abelhas, em Paris.
Agricultores e jardineiros precisam encontrar alternativas aos agentes prejudiciais. Mas também devem agir contra outros inimigos das abelhas, como doenças ou parasitas, segundo o especialista. Para Decourtye, um remédio muito simples pode ajudar todas as abelhas: "Temos que voltar a plantar mais flores."
PV/afp/ots
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