França vê queda em número de carros incendiados no Ano Novo
1 de janeiro de 2022"Apenas" 874 carros foram incendiados na França na véspera de Ano Novo, informaram as autoridades do país neste sábado (01/01).
Os dados mostram que a "tradição" anual registrou um declínio em comparação com a virada pré-pandêmica de 2019, quando 1.316 veículos foram destruídos no país.
O declínio foi destacado num comunicado divulgado pelo Ministério do Interior. No texto, o titular da pasta, Gerald Darmanin, atribuiu a queda a maior presença de policiais nas ruas. Ao todo, 130 mil agentes reforçaram a segurança no Ano Novo.
Darmanin agradeceu os policiais por "garantirem a segurança dos franceses" na noite da virada. Ao todo, 381 indivíduos foram detidos pela polícia, contra 314 em 2019. Muitos policiais também estiveram nas ruas para garantir que não ocorressem grandes aglomerações e para fiscalizar o uso de máscaras.
O ministério ainda apontou que os dados sobre episódios de vandalismo da última madrugada não poderiam ser comparados com a virada de 2020 para 2021 porque no final de dezembro do ano retrasado o país estava sob toque de recolher por causa da pandemia. Ainda assim, pelo menos 861 veículos foram destruídos naquele réveillon, segundo levantamentos não oficiais realizados pela imprensa.
Ao longo do ano, a França, assim como outros países, registra episódios de incêndios criminosos contra veículos por motivos diversos, como fraude do seguro ou membros de gangues tentando apagar pistas de crimes.
Mas a queima de veículos em larga escala se tornou desde o final dos anos 1990 uma "tradição" em feriados nacionais, especialmente na véspera de Ano Novo e no 14 de Julho, a data de aniversário da Queda da Bastilha. Todos os anos a imprensa local divulga o balanço da destruição registrados nos feriados.
O atos costumma ser associados a bairros pobres e periferias de grandes cidades como Paris, Estrasburgo e Marselha. Estrasburgo, aliás, impôs um toque de recolher para menores de 18 anos nesta véspera de Ano Novo para coibir o vandalismo.
Em 2005, os atos ganharam tom de protesto contra a violência policial após depois que dois adolescentes morreram eletrocutados em um subúrbio de Paris. Moradores afirmaram à época que eles estavam sendo perseguidos pela polícia. Naquele ano, em menos de três semanas, a polícia contabilizou 8.810 veículos queimados.
Novas ondas de incêndios contra veículos também foram registradas durante os protestos dos "coletes amarelos" a partir de 2018.
O último episódio de queima de carros em larga escala na França ocorreu no último feriado de 14 de Julho, quando 673 veículos foram incendiados. Em 2020, 942 haviam sido destruídos em todo o país.
Atos semelhantes também costumam ser registrados na Alemanha, mas em menor escala. Na véspera de Ano Novo em Berlim, a polícia contabilizou pelo menos 13 veículos incendiados na capital alemã.
Em 2009, 2011, 2016 e 2018, vários episódios de vandalismo, que deixaram dezenas de veículos queimados em bairros ricos de Berlim chegaram a levantar suspeitas de participação de grupos de extrema esquerda.
jps (AP, DW, ots)