e-G8
25 de maio de 2011Foi encerrado em Paris nesta quarta-feira (25/05) o e-G8, fórum de dois dias reunindo os representantes das maiores empresas de internet e de novas mídias. Entre os presentes, estavam os chefes da rede social Facebook, da enciclopédia online Wikipédia e o presidente do site de leilões eBay.
O encontro discutiu o presente e o futuro da internet, e uma delegação deve partilhar as suas conclusões com os líderes mundiais na conferência do G8 em Deauville, na quinta-feira. Presente ao evento, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, advertiu: "Precisamos da experiência de vocês para ajudar a reforçar a democracia, a solidariedade e o diálogo social". Mas ele também ressaltou que "os governos são os guardiões legítimos da sociedade" e sugeriu a ideia do que chamou de "uma base mínima de valores e regras acordadas a nível mundial".
Soberania da rede
Vários convidados se mostraram preocupados com os comentários de Sarkozy, temendo haver por trás das palavras do governante francês a intenção de atacar a "estrutura livre e democrática" da internet através de uma regulamentação em nível governamental.
"Fiquei contente em ouvir o presidente Sarkozy dizer em seu discurso que o governo não é dono da internet", comentou Jeff Jarvis, professor de novas mídias na Universidade da Cidade de Nova York. "No entanto, ele está reivindicando soberania sobre regulamentação da internet e levando o G8 a fazer o mesmo. Há certo perigo aí", ressalvou.
Jarvis surpreendeu os delegados ao desafiar Sarkozy, através do microfone, a "fazer um juramento de Hipócrates pela internet e, acima de tudo, não a prejudicá-la". "A melhor proteção para a internet é a sua estrutura aberta e distribuída, e temos de deixá-la assim", disse Jarvis.
John Perry Barlow, um dos fundadores do grupo de defesa dos direitos digitais, a Electronic Frontier Foundation, disse que Sarkozy demonstrou a falta de compreensão dos governos do mundo sobre como lidar com a internet. "O problema não é só que eles não entendem", disse. "Eles não querem entender. Porque isso significaria ter que mudar o que é essencialmente uma visão religiosa de como o mundo funciona", acusou.
Tecnologia em rápida mudança
Eric Schmidt, ex-diretor-executivo da Google, afirmou em um painel na terça-feira que "a tecnologia vai se mover mais rápido do que os governos", e que os legisladores não devem regulamentar até que saibam das consequências. O fundador da Wikipédia, Jimmy Wales, foi mais otimista, dizendo que a cúpula e-G8 poderia ser uma oportunidade importante para os governos de obter boas dicas sobre as regras da internet.
"Todos podem concordar que existem diferentes tipos de problemas na internet que precisam de soluções", disse. "Mas também podemos concordar que os governos tendem a ser bastante desajeitados porque não entendem a tecnologia. Eles não entendem as forças sociais que trabalham na internet. Acho um sinal positivo que pelo menos nos perguntam nossa opinião pela primeira vez", concluiu.
Internet como motor econômico
Um estudo da empresa de consultoria norte-americana McKinsey constatou que o setor de internet é responsável por 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) dos 13 principais países industrializados. O levantamento incluiu dados das economias dos integrantes do G8, mais Suécia, assim como os países emergentes Brasil, China, Índia e Coreia do Sul.
A participação do setor da internet no PIB dos países pesquisados apresentou resultados bem diferentes entre as economias em 2009, ano da enquete. Enquanto Suécia, Reino Unido, Coreia do Sul, Japão e EUA tiveram, em parte, uma participação da internet na força econômica sensivelmente maior do que a média de 3,4% do PIB, na Itália, Brasil e Rússia essa parcela ficou abaixo dos 2%.
Mesmo a Alemanha ficou abaixo da média, com participação do setor da internet correspondente a 3,2% do PIB do país, de acordo com o estudo da McKinsey.
Autores: Tim Martin/Marcio Damasceno
Revisão: Roselaine Wandscheer