Günter Grass defende mostra de escultor do nazismo
14 de julho de 2006O Prêmio Nobel da Literatura Günter Grass, é a favor que se realize a exposição do escultor Arno Breker (1900-1991) na cidade de Schwerin, capital do estado de Mecklemburgo, Pomerânia Ocidental. O artista plástico é considerado por muitos o favorito do regime nazista. Segundo Grass, a mostra poderá ser uma contribuição para o reexame da história alemã. Ao documentar a obra integral de Breker, ela poderá tornar visível sua seduzibilidade e oportunismo, tendo, portanto, o potencial de esclarecer e informar.
"Breker tinha, sem dúvida, talento, isso provam os seus primeiros trabalhos. Entretanto deixou-se corromper pelos nacional-socialistas, da mesma forma que tantos outros artistas e intelectuais, como Gottfried Benn, Wilhelm Furtwängler ou Martin Heidegger. Hoje, nos perguntamos por que eles agiram assim. A exposição, se for organizada de forma documental e informativa, poderá responder a essa pergunta", comentou Grass.
Para o escritor, no tocante à qualidade artística as obras de Breker – pelo menos as da época até 1936 – não se distinguem das de outros escultores conservadores, contemporâneos seus.
Reabilitando Breker?
Mesmo antes de sua inauguração, programada para esta sexta-feira (14/07) na Casa de Schleswig-Holstein, a exposição dedicada ao escultor tem despertado violenta polêmica. Assim, o presidente da Academia das Artes, Klaus Staeck, recusou a oferta para uma exposição com suas próprias obras, em 2007, apontando para o passado controvertido de Breker. Staeck suspeita "que, na realidade, se esteja trabalhando em Schwerin para a reabilitação de Breker".
"Tenho diante de mim os textos do programa da exposição. Não vejo a menor a sombra de uma glorificação", declarou Günter Grass. É preciso também se ocupar da arte da época entre 1933 e 1945, acrescentou. "Parto do princípio que o público-alvo seja adulto o suficiente – no sentido democrático – para lidar com essa arte."
Autor também de algumas das esculturas em torno do Estádio Olímpico de Berlim, Breker já fora manchete antes da última Copa do Mundo. Cogitou-se cobrir, ou mesmo retirar as estátuas, para poupar o público internacional desse símbolo da Alemanha nazista.