G20 estabelece em Sydney metas de maior crescimento
23 de fevereiro de 2014Em um comunicado divulgado neste domingo (23/02), o grupo das 20 maiores economias do mundo estabeleceu uma meta para incrementar o crescimento global nos próximos cinco anos. "Vamos adotar políticas ambiciosas, porém realistas, com a meta de elevar nosso Produto Interno Bruto em mais de 2% além da trajetória sugerida pelas políticas atuais para os próximos cinco anos", consta do documento conclusivo.
A conferência de dois dias em Sydney, na Austrália, reuniu ministros de Finanças e chefes de bancos centrais dos países-membros do G20. O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, não participou do encontro, mas o presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, esteve presente. Entre os temas discutidos esteve o impacto do fim da "política do dinheiro barato" do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, sobre os mercados das nações emergentes, como o Brasil.
No entanto, a questão sobre como produzir este crescimento global assumiu o centro das discussões quando o tesoureiro da Austrália, Joe Hockey, reivindicou, junto aos representantes dos países, metas quantitativas para os próximos cinco anos.
O político, que ocupa cargo equivalente a ministro da Economia e presidiu o encontro, afirmou que a medida significará "mais de 2 trilhões de dólares a mais, em termos reais, e proporcionará um volume significativo de novos postos de trabalho". O G20 responde por cerca de 85% da economia mundial.
Otimismo do anfitrião
A meta proposta por Hockey se baseia no relatório que o Fundo Monetário Internacional (FMI) preparou para a conferência em Sydney. Segundo este, com a implementação de reformas estruturais, a economia global poderá crescer cerca de 0,5 ponto percentual por ano, até 2019. As análises apresentadas preveem um crescimento global de 3,75% este ano, chegando a 4% em 2015.
A implementação das reformas estruturais necessárias a um crescimento sustentável foi matéria de intensos debates, uma vez que cada nação terá que desenvolver seu próprio programa para alcançar as metas fiscais exigidas.
"Se quisermos ter não apenas criação, mas também garantia de empregos, então todos nós temos a responsabilidade de iniciar reformas estruturais", antecipou o tesoureiro australiano.
Essas reformas incluiriam a liberalização dos mercados de produtos e de trabalho, redução das barreiras comerciais, aumento da participação da mão de obra feminina e incentivo ao investimento em infraestrutura.
Ceticismo alemão
A proposta apresentada por Joe Hockey esbarrou numa certa dose de ceticismo, em especial do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, que fez ressalvas quanto à viabilidade das metas. "Quais taxas de crescimento podem ser alcançadas é resultado de um processo muito complicado. Os políticos não podem garantir os resultados desse processo."
No sábado, Jens Weidmann, presidente do Bundesbank, o banco central da Alemanha, também manifestara dúvidas quanto aos alvos estabelecidos pelo líder da conferência do G20. Para ele, metas quantitativas são "problemáticas".
Schäuble lembrou que "a pré-condição para mais crescimento é também seguir reduzindo os déficits". Nesse sentido, ele insistiu que se continue trabalhando na regulamentação dos mercados de capitais e no fechamento das lacunas nos sistemas tributários que favorecem a sonegação de impostos. Apesar das divergências, o político conservador alemão classificou a reunião como "boa".
AV/afp/rtr/dpa