Galileo e GPS atuarão juntos futuramente
27 de fevereiro de 2004"As regras de convivência foram acertadas por nós", anunciou Heinz Hilbrecht, na noite da quinta-feira (26), em Bruxelas. Durante três anos, Hilbrecht conduziu as negociações da União Européia com as autoridades americanas, visando uma cooperação entre os dois sistemas de navegação: o Galileo da UE, que deverá entrar em funcionamento em 2008, e o GPS americano, que já encontra ampla aplicação.
Futuramente, os usuários poderão aproveitar conjuntamente as vantagens oferecidas pelos dois sistemas – seja nos automóveis, barcos, aviões, em casa ou em caminhadas por trilhas pouco conhecidas. A nova geração dos satélites GPS oferecerá completa compatibilidade com o futuro sistema Galileo, idealizado e realizado pela União Européia e pela Agência Espacial Européia (ESA).
A compatibilidade só poderá existir, contudo, a partir de 2010 a 2020, que é o prazo previsto pelos Estados Unidos para que entre em funcionamento a próxima geração do sistema GPS. Ou seja, no mínimo dois anos após o início de operação do sistema Galileo. Até lá, os dois sistemas coexistirão lado a lado, sem a possibilidade de aplicação conjunta.
Freqüências militares
O governo dos EUA vinha acompanhando com grande desconfiança o desenvolvimento do sistema Galileo pelos europeus, cuja técnica é mais avançada do que a utilizada atualmente pelo GPS americano. O motivo da desconfiança, contudo, não era uma eventual inveja da tecnologia avançada da Europa.
O problema era representado pelos planos europeus de operar os serviços comerciais do Galileo em freqüências que provocariam interferência nos sinais militares do GPS. O acordo entre a União Européia e os EUA só foi possível depois que os europeus abriram mão da utilização de tais freqüências.
Um especialista da UE garante ter sido encontrado um consenso que permitirá a operação do sistema Galileo de forma compatível com a próxima geração do GPS e sem uma perda de qualidade dos sinais emitidos.
Sem interrupção
Da sua parte, os Estados Unidos acabaram reconhecendo também a necessidade de que o sistema comercial de navegação por satélite seja protegido, no futuro, de panes e interrupções temporárias de funcionamento. No passado, a operação do sistema GPS foi suspensa temporariamente inúmeras vezes por razões militares americanas.
Será mantida a possibilidade técnica de suspender a emissão ou a recepção de sinais dos satélites de navegação nas regiões de crise, caso necessário. Isso vale tanto para o sistema GPS quanto para o Galileo. A União Européia recusou-se, contudo, a conceder ao governo americano um direito de decisão sobre o desligamento temporário – parcial ou integral – do seu sistema Galileo.
Outro ponto criticado pelos Estados Unidos é o interesse da República Popular da China numa participação futura no projeto Galileo. E também a Índia já manifestou seu interesse. Com o acordo feito agora com a União Européia, Washington teme que tecnologia militarmente sensível dos EUA acabe sendo transferida para os governos chinês e indiano. Tal ponto deverá ser esclarecido através do tratado entre as duas partes, cujos termos jurídicos ainda estão sendo formulados.