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Golpe contra o fantasma da recessão

Karl Zawadzky28 de fevereiro de 2003

A insegurança é um veneno para a economia. A poupança para os "tempos ruins" se generaliza. É cada vez maior a ameaça de uma recessão. Leia o comentário do editor de Economia da DW, Karl Zawadzky, sobre o assunto.

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O que é sentido por todos foi confirmado oficialmente, em meados desta semana, pelo Departamento Federal de Estatísticas: a economia está estagnada. No último trimestre do ano passado, o desempenho econômico chegou até mesmo a cair um pouco em comparação ao trimestre anterior. Os peritos em estatística falam de um "zero vermelho". Se a tendência negativa prevalecer no primeiro trimestre do corrente ano, estaremos enfrentando uma recessão, de acordo com a definição usual.

A insegurança que nutre a retração dos investimentos e do consumo tem uma causa – a ameaça de uma guerra contra o Iraque. Muitos estão certos de que a guerra virá e temem danos para a economia mundial neste caso, o que refletirá também, direta e indiretamente, sobre a economia alemã.

Em primeiro lugar, o efeito direto: o preço de combustíveis, que já aumentou nas últimas semanas, poderá continuar subindo de maneira drástica, resultando numa transferência substancial de renda para os países exportadores de petróleo. E já que não se pode gastar o mesmo dinheiro duas vezes, tal evolução significaria uma enorme retração da demanda, tanto entre os consumidores finais, como entre as empresas.

A isto se juntam – indiretamente – os chamados "efeitos de segunda mão". Ou seja: havendo uma desaceleração econômica também em outros países, ela se refletirá na demanda de produtos made in Germany e prejudicará assim as exportações alemãs. Tal evolução constituiria um estorvo adicional das chances de crescimento econômico.

E não apenas isto: o crescimento econômico da ordem de 1%, prognosticado pelo governo federal alemão, parece impossível de ser alcançado após o desastrado início de 2003. Somente o aumento do preço do petróleo já custou até agora à economia alemã 0,5% na taxa de crescimento econômico.

Isto significa, ainda, que o ministro alemão das Finanças, Hans Eichel, terá de contar com uma grande redução da receita tributária e um crescimento bilionário do déficit no orçamento público. Além disso, terá de enfrentar também um aumento dos gastos estatais. Pois, no caso de uma recessão, os grandes países industrializados ocidentais estariam obrigados a tomar medidas para impedir a derrocada econômica.

A redução das taxas de juros, já prometida pelo Banco Central Europeu, não seria suficiente. Adicionalmente, os governos teriam de suspender a rigorosa política de austeridade – não apenas na Alemanha – e os cofres públicos teriam de bombear recursos para o setor econômico. O governo francês já deixou claro que não pretende liquidar o que resta da conjuntura econômica através de uma poupança rigorosa, independente do Pacto de Estabilidade Europeu e da ameaça de um "cartão amarelo" de Bruxelas.

Também o ministro Hans Eichel – rigoroso comissário da poupança – pode ver-se obrigado a assumir uma atitude pródiga dentro em breve. Eichel prepara-se aparentemente para isto, pois há indícios cada vez maiores de que teria encarregado os funcionários do Ministério das Finanças de elaborar um programa de incentivo à conjuntura econômica.

As especulações sugerem um programa infra-estrutural para as regiões com alta taxa de desemprego. Um programa deste tipo, com um volume de 6 bilhões de euros, poderia ser financiado através de remanejamento do orçamento público e de um aumento das dívidas a serem contraídas no corrente ano. As ajudas de investimentos aos Estados e municípios beneficiariam o setor da construção civil, atingido por uma enorme crise. Um programa como esse suspenderia o processo de decadência das infra-estruturas municipais e criaria empregos no setor da construção civil.

Finalmente, um programa de infra-estrutura como esse poderia ter um sentido político também para o chanceler federal alemão. Gerhard Schröder poderia enriquecer o seu pronunciamento oficial à Nação, marcado para o dia 14 de março, com uma ajuda concreta à conjuntura econômica e, assim, demonstrar energia à frente do governo. Se fizer isto com habilidade, o chanceler poderá lograr um golpe de emancipação política. (am)