Google na Alemanha
22 de fevereiro de 2011O atual executivo-chefe da Google, Eric Schmidt, tem um nome de origem alemã. Mas isso é pouco para explicar por que esse executivo de jeito retraído se mostra tão eufórico ao falar sobre o potencial de inovação da Alemanha.
"A superação da crise financeira de 2009, o boom de crescimento econômico na Europa e principalmente na Ásia: tudo isso deve ser creditado ao poder de inovação das empresas alemãs", disse Schmidt em Berlim, durante um evento na Universidade Humboldt.
Não é de estranhar, portanto, que o chefe da Google anuncie a um grande número de estudantes e jornalistas reunidos para ouvi-lo na capital alemã que a empresa e a Alemanha formam uma boa equipe – aparentemente, mais do que apenas um gesto de cordialidade.
Instituto do Futuro em Berlin
A Google quer criar mais de mil novos empregos na Europa, boa parte deles em Hamburgo e Munique, onde mantém unidades de distribuição e de pesquisa e desenvolvimento. Em Berlim deve ser investido, já em 2011, 1 milhão de euros num instituto de pesquisas, o qual estudará as mudanças que a internet provoca na sociedade, na política e na economia.
O foco do instituto deverão ser as inovações provocadas pela internet e as condições jurídico-políticas para a existência de uma sociedade global do conhecimento. Outras questões centrais serão: como os equipamentos móveis, como os smartphones, transformarão nosso comportamento comunicativo? Como a tecnologia pode virar um assistente digital, que nos sirva sem nos perturbar?
A cidade escolhida também recebeu um elogio de Schmidt: "Berlim é um local de pensamento crítico, algo de que precisamos". Universidades e institutos de pesquisas da região deverão ser parceiros do projeto. Mas, além da Universidade Humboldt, não apareceu ainda nenhum outro parceiro.
O auditório riu quando o microfone de Schmidt falhou durante o anúncio dos planos de expansão da Google na Alemanha. Ele reagiu com humor: "Certamente não é um produto com qualidade alemã".
Google mira "Mittelstand"
A Google quer alcançar o chamado Mittelstand, as pequenas e médias empresas que há muitos anos formam a espinha dorsal da economia alemã. "Todos sabemos que principalmente as pequenas empresas é que geram os postos de trabalho do futuro."
Essas empresas, com geralmente menos de 500 empregados e um capital de giro abaixo de 50 milhões de euros, utilizam pouco a internet para vender. "Nós queremos que as pequenas e médias empresas possam utilizar melhor suas possibilidades e vantagens", disse Schmidt, referindo-se ao comércio eletrônico.
Schmidt deixará o posto de executivo-chefe já em abril de 2011. O co-fundador da empresa Larry Page assumirá então as operações comerciais. Como presidente do conselho de administração, Schmidt quer então viajar pelo mundo na condição de embaixador da Google.
Ainda não se sabe o que o bilionário pretende. Não está excluído que o fã da Alemanha regresse ao país, pois para ele Berlim é um dos centros mais criativos do mundo. Ao final de um longo e, em parte, enfadonho debate no auditório berlinense, ele despediu-se com essas palavras: "Eu amo as universidades alemãs".
PP/dpa/afp
Revisão: Alexandre Schossler