Goslar, o coração do Harz
14 de março de 2009As reservas de minério de Rammelsberg, em Goslar, foram consideradas, no passado, os maiores depósitos do mundo, atingindo produção acima dos 27 milhões de toneladas durante o período em que esteve em funcionamento. Pela quantidade de minério extraída, o comércio de metais fez com que Goslar ocupasse uma importante posição dentro da Liga Hanseática.
Finalmente exauridas em 1988, as minas de Rammelsberg haviam sido mantidas em operação contínua por mais de mil anos. Para lembrar os velhos tempos, a mina de prata permanece hoje aberta ao público e conta com um museu que leva os visitantes a uma verdadeira viagem mina a dentro. Trata-se de um dos maiores e mais originais museus do gênero no país. O local foi tombado pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade, em 1992, juntamente com o centro histórico (Altstadt) de Goslar.
"Roma do Norte"
Apesar dos prédios imponentes, o preservado centro da cidade medieval de Goslar ocupa um espaço pequeno, de apenas um quilômetro quadrado. O magnífico palácio real (Kaiserpfalz) foi construído em estilo romanesco e por muitos séculos foi a maior e mais segura fortaleza dos reis saxões e salianos.
Goslar também foi um centro de fé cristã, conhecida como a “Roma do Norte”. As torres de mais de 40 igrejas e capelas formam uma interessante silhueta urbana.
Os olhos dos turistas são atraídos para o prédio da prefeitura na praça do mercado – um conjunto de salas e diversas casas "montadas" sobre estruturas de madeira. Também chamam a atenção o córrego que atravessa a cidade e o moinho, ainda em funcionamento, que data do século 12.
No coração do Harz
Toda a região do Harz na Alemanha, onde está situada Goslar, tem na sua paisagem a marca do trabalho de mineiros. Na cidade, a extração de cobre era a mais importante da Alta Idade Média. Durante os séculos 6º e 7º, a cidade foi uma das principais da Alemanha, tendo recebido a visita de reis e imperadores. E tudo isso cercado de muito verde.
O Harz por si só já merece uma visita. Seus 20 mil hectares são apreciados por turistas estrangeiros e alemães. Não há perigo de se perder, pois guardas florestais estão preparados para atender o público, explicando, inclusive, as principais atrações da região. Mas quem vai ao Harz e não visita o Brocken, seu ponto mais elevado, é como ir a Roma e não ver o papa. Está apenas a 17 quilômetros de Goslar e não se assuste se tiver que disputar espaço com dezenas de motoqueiros que passam o dia no local, desfrutando a vista panorâmica.
Caça às bruxas
A cidade de Goslar aproveitou a fama que a região do Harz tem de ser a moradia das bruxas alemãs e apresenta ao turista uma variedade sem fim de suvenires com tais motivos. A diferença é que as bruxas em Goslar são boazinhas, lembram os vendedores, estimulando a compra das lembranças.
As montanhas do Harz têm história, servindo de cenário para rituais pagãos há séculos. Durante 40 anos, a região foi separada ao meio pela fronteira política que dividiu a Alemanha em Oriental e Ocidental.
Mas, com a reunificação, a região recuperou sua posição de um dos lugares mais românticos, onde também foram preservadas festividades tradicionais. Os empresários locais capitalizaram este patrimônio cultural e investem no turismo das Trilhas das Bruxas.
O roteiro passa por Brocken, a montanha favorita dos curiosos desde que o escritor alemão Wolfgang von Goethe, que percorreu suas trilhas em 1777, descreveu sua experiência em Viagem pelo Harz no Inverno. O local também aparece no drama Fausto, sobre o alquimista e feiticeiro que vendeu sua alma ao diabo.
Autor: Rodrigo Rodembusch
Revisão: Carlos Albuquerque