Governo alemão estuda como endurecer acesso a armas
24 de julho de 2016Depois do ataque a tiros que deixou nove mortos em Munique, líderes partidários alemães discutem como restringir o acesso a armas no país.
O atirador de 18 anos que disparou contra clientes de uma filial do McDonald's e frequentadores do shopping Olympia, na última sexta-feira (22/07), teria obtido de forma ilegal, através da darknet (área da internet inacessível para a maioria dos usuários), uma pistola Glock, de numeração raspada, e cerca de 300 munições. O jovem se suicidou depois do ataque.
A União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) concordaram que é preciso endurecer as leis para prevenir ataques semelhantes.
"Temos que avaliar cuidadosamente se e como será possível utilizar meios legais" para prevenir outro incidente como este, afirmou o ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziére, em entrevista publicada neste domingo (24/07) pelo tabloide Bild am Sonntag.
O político ressaltou que é necessário cautela, considerando que as leis de armas alemãs já são muito rigorosas. Já o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, apelou para um melhor controle de armas no país.
Como restringir o mercado negro?
O desafio das autoridades é encontrar uma alternativa legal, tendo em vista que as leis alemãs já são bem restritas em relação à aquisição de armas.
A Alemanha é o quarto país do mundo com maior posse de armas per capita. Para obter uma licença de porte de arma, é preciso atender a uma série de critérios rigorosos, incluindo cursos de longa duração. Também é necessário haver uma razão significativa para obter a arma – autodefesa não é um argumento suficiente.
No país, há três tipos de permissão para porte de armas: competição de tiros, caça e para especialistas e colecionadores. O atirador, que apresentava sinais de depressão, não seria aprovado no exame psicológico para obtenção de uma arma.
Uma vez que o jovem obteve a pistola de forma ilegal, qualquer ação preventiva do governo terá de ser direcionada para o mercado negro de armas, sobre o qual não tem controle.
Alguns analistas sugerem que o deslocamento livre na área Schengen permite que armas sejam facilmente adquiridas no leste europeu ou em outro lugar fora da Europa e depois distribuídas pelo continente.
Uso do Exército em casos extremos
Com o ataque em Munique, o terceiro na Europa em três dias, depois do atropelamento em massa em Nice e o ataque a faca e machado num trem no sul da Alemanha, a expectativa é que não apenas Berlim, mas também Bruxelas lance uma resposta aos massacres ao nível europeu.
Outro ponto que também pode ser debatido na Alemanha é o uso do Exército em caso de atentados – como defendeu em entrevista à edição dominical do jornal Die Welt o secretário do Interior da Baviera, Joachim Herrmann.
"Nós não vivemos mais nos tempos de República de Weimar. Nós temos uma democracia absolutamente estável", afirmou Herrmann, do partido União Social Cristã (CSU), tradicional aliado da CDU de Merkel. Embora publicada no domingo, a entrevista foi feita antes do atentado de sexta-feira.