Pacote para apoiar economia
30 de outubro de 2008Numa tentativa de impedir que a crise financeira traga recessão à Alemanha, o governo alemão prepara para a próxima semana o anúncio de um pacote bilionário de medidas para estimular a economia do país. Segundo o ministro da Economia, Michael Glos, o pacote pode significar a injeção de 30 bilhões de euros na economia alemã nos próximos dois anos.
Antes de Glos, o líder da bancada parlamentar do SPD, Peter Struck, havia falado em 25 bilhões de euros. O pacote será anunciado na próxima quarta-feira e o valor da ajuda ainda não está definido, lembrou o Ministério das Finanças. O secretário-geral da CDU, Ronald Pofalla, também não confirmou o valor anunciado por Struck e disse que ele provavelmente é exagerado.
Certo é que parte das medidas significará renúncia fiscal ao governo. Fontes da grande coalizão que governa a Alemanha (SPD e CDU/CSU) ouvidas pela agência Reuters disseram que o pacote custará 8 bilhões de euros ao orçamento federal de 2009. O porta-voz do Ministério da Finanças, Torsten Albig, disse ao jornal Handelsblatt que o pacote custará cerca de 5 bilhões de euros anuais ao governo nos próximos dois anos.
De acordo com Struck, que falou ao jornal Berliner Zeitung, o pacote prevê a ampliação do programa de crédito para a renovação de residências (que tem por objetivo diminuir os gastos com calefação), projetos de infra-estrutura viária, aumento dos limites para deduções fiscais de gastos com investimentos para as empresas bem como medidas para a manutenção de postos de trabalho.
Segundo Glos e o ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, o governo incluirá o imposto sobre veículos no pacote, como forma de incentivar a indústria automobilística. A partir do próximo ano, compradores de veículos pouco poluidores ficarão livres do imposto pelo período de dois anos, se depender da vontade do governo. Mas ainda falta chegar a um acordo com os estados.
Desemprego em queda
O anúncio de que o governo planeja um pacote de apoio à economia veio no mesmo dia em que a Agência Federal do Trabalho divulgou os dados sobre o nível de emprego na Alemanha em outubro. Pela primeira vez desde novembro de 1992, o número de desempregados ficou abaixo do patamar de 3 milhões de pessoas.
Segundo a agência, 2,997 milhões de pessoas estavam desempregadas em outubro, ou 84 mil menos que em setembro. A queda na taxa de desemprego foi de 0,2 ponto percentual de um mês para o outro, passando de 7,4% para 7,2%. Em relação a outubro do ano passado, o total de pessoas sem ocupação remunerada caiu 437 mil.
O presidente da Agência Federal do Trabalho, Frank-Jürgen Weise, disse que os efeitos da crise financeira ainda não são perceptíveis no mercado de trabalho. Mas ele previu que o desemprego na Alemanha aumentará no segundo semestre do ano que vem. "Contamos com um aumento do desemprego, mas não na mesma medida em que isso aconteceu em fases passadas de desaceleração da economia."
O presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Ludwig Georg Braun, disse ao jornal Bild que a Alemanha está bem preparada para a crise e que não há motivos para preocupações exageradas. "Em 2009 não teremos recessão, mas uma desaceleração do crescimento [do Produto Interno Bruto] para 0,5%", previu.