Governo critica Osthoff severamente
28 de dezembro de 2005Em entrevista concedida à cadeia de televisão árabe Al Jazira, Susanne Osthoff afirmou querer voltar ao Iraque, a fim de prosseguir seus trabalhos arqueológicos. A declaração veio apenas alguns dias depois de ela ter sido libertada pelos seqüestradores que a mantiveram em cativeiro por três semanas. Capturada no final de novembro, Susanne recebeu apoio diplomático do governo alemão, que agora faz duras críticas à sua postura.
Alguns políticos manifestam-se inclusive favoráveis à proibição da entrada de Osthoff no Iraque, como é o caso da social-democrata Brunhilde Irber, da comissão de política externa do Parlamento. "Devemos verificar se o governo federal pode solicitar ao governo iraquiano uma proibição de entrada para Osthoff", especula Irber.
Na mesma direção foi o especialista da União Social Cristã (CSU) para assuntos jurídicos, Norbert Geis, afirmando: "O próprio Iraque deveria ter grande interesse em negar entrada a essa mulher."
Insensatez desprotegida
Outros políticos defendem que o governo nao deveria, no caso, continuar oferecendo proteção à arqueóloga. "Se Osthoff viajar para o Iraque, apesar dos avisos e do seqüestro, não é obrigação do governo oferecer-lhe proteção consular novamente", afirma o deputado europeu Roland Gewalt ao jornal Bild. "Não somos responsáveis por sua insensatez", completou.
O deputado conservador Eckart von Klaeden foi ainda mais longe. "Os critérios de Osthoff parecem estar fora de ordem. Ela representa um perigo para si e para os outros", afirmou. "É intolerável a forma benevolente como ela se refere aos seqüestradores", completou, em entrevista ao site do semanário Der Spiegel.
Seu comentário completmenta o da secretária para assuntos sociais da Baviera, Christa Stewens (CSU). Ela acredita que "cada um é responsável por sua própria vida, mas com seu regresso ela não ameaça somente a sua, mas também a vida de outras pessoas. Não consigo entender isso." Stewens foi quem manteve contato com a família de Osthoff durante seu seqüestro.
O lado de apoio
A líder do Partido Verde, Claudia Roth, manifestou apoio a Susanne. "Em nossa democracia é bom e correto que existam decisões livres e independentes. Se ela quiser continuar prestando um trabalho arqueológico ou humanitário no Iraque, ninguém irá poder proibí-la". Além disso, seu regresso poderia dar esperança e confiança aos iraquianos, acredita Roth.
O analista da Deutsche Welle, Peter Philipp, apresenta outra questão importante: até que ponto vai a obrigação do Estado quando um cidadão – por qualquer que seja a razão – desconsidera os avisos oficiais e se expõe ao perigo?