Governo negocia retirada de nova leva de brasileiros de Gaza
21 de novembro de 2023Uma semana após a chegada ao Brasil de 32 pessoas vindas da Faixa de Gaza, o governo brasileiro já negocia a retirada da região de uma nova leva de pessoas, entre brasileiros e parentes de brasileiros.
O Itamaraty confirmou nesta terça-feira (21/11) que uma nova lista com 86 nomes foi elaborada e enviada ao Egito e a Israel para que autorizem a saída dessas pessoas do enclave palestino.
A Faixa de Gaza faz fronteira com o Egito, área segura de onde os brasileiros e seus parentes poderão voar para o Brasil, como ocorreu com o primeiro grupo resgatado.
O Ministério das Relações Exteriores destacou, porém, que não há prazo para que essas pessoas saiam de Gaza. Existe uma espécie de "fila", e listas de outros países ainda não obtiveram autorização para deixar o local. Somente depois que esses cidadãos saírem é que os brasileiros poderão ser retirados.
A saída de estrangeiros tem sido feita aos poucos, com cerca de 600 autorizações por dia - isso quando não há interrupções na fronteira de Rafah, que liga Gaza ao Egito. Além disso, doentes, sobretudo os que precisam hospitalização, têm prioridade sobre os demais.
Segundo o embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho Neto, só é autorizada a saída de pessoas da Faixa de Gaza após uma análise dos serviços de segurança dos países envolvidos nessas negociações, que além de Egito e Israel, reúne as autoridades de Gaza, controlada pelo Hamas, e de países como Estados Unidos e Catar, que atuam como intermediários do conflito.
Quando o Brasil conseguiu trazer os 32 brasileiros que estavam em Gaza, no dia 14 de novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a trabalhar para trazer ao país todos os brasileiros e seus parentes que desejassem sair do local.
"A gente vai tentar fazer todo o esforço que estiver ao alcance da diplomacia brasileira", disse Lula na ocasião.
Família desiste
A família do brasileiro resgatado de Gaza Hasan Rabbe, comerciante de 32 anos que vive em São Paulo, desistiu de deixar a região. O motivo foram as ameaças vindas de pessoas no Brasil. Hasan também relata ter sido vítima de ameaças desde que chegou ao país. Ele pediu proteção ao governo e disse temer mandar as filhas para a escola.
Outra resgatada, a palestina Samira Hasan, 25 anos, que tem um filho de um ano nascido no Brasil, conversou com a DW.
"A todo instante escutávamos o som de mísseis e bombas", relatou de Florianópolis, onde vive com o marido, também palestino, e o filho.
A Operação Voltando em Paz, do governo federal, organizou dez voos da região do conflito para repatriar brasileiros e familiares. A maioria saiu de Tel-Aviv, em Israel, um grupo saiu de Amã, na Jordânia, sendo repatriados do território palestino da Cisjordânia ocupada. O último grupo, com 32 pessoas, deixou a Faixa de Gaza após mais de um mês de espera e tentativas.
Ao todo, a operação transportou 1.477 pessoas e 53 animais domésticos. Do total, foram 1.462 brasileiros, 11 palestinos, três bolivianas e uma jordaniana.
le (Agência Brasil, ots)