Governo sírio nega ter usado armas químicas em bombardeio
21 de agosto de 2013O governo sírio negou, nesta quarta-feira (21/08), a acusação da oposição de que tropas do presidente Bashar al-Assad usaram gás sarin, que ataca o sistema nervoso, durante o bombardeio em uma província ocupada por rebeldes próximo a Damasco. Mais de 200 pessoas morreram, segundo as primeiras informações de ativistas e paramédicos. Mais tarde, a oposição síria divulgou, na conta oficial do microblog Twitter, que entre 635 e 650 pessoas morreram no ataque realizado com armas químicas.
A organização oposicionista Escritório de Mídia de Damasco divulgou nota dizendo que 494 pessoas morreram em várias cidades da região.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, ligado à oposição, afirmou que o bombardeio aconteceu na madrugada desta quarta. "As forças do regime intensificaram as operações militares em Ghouta ocidental e oriental, zonas da região de Damasco, causado várias dezenas de mortos e feridos", afirma a organização.
Segundo Bayan Baker, enfermeira de um hospital na região, muitas das vítimas eram mulheres e crianças. "Eles chegaram com as pupilas dilatadas, as extremidades frias e espuma na boca. Os médicos disseram que esses são sintomas típicos de intoxicação por gás sarin", diz Baker.
Reações internacionais
O governo sírio contesta as acusações e nega ter utilizado gás sarin no ataque, dizendo que as alegações têm o objetivo de atrapalhar a missão de inspetores de armas químicas das Nações Unidas que estão em Damasco para verificar as denúncias de emprego de armas químicas no conflito por ambos os lados.
A oposição pediu aos inspetores que visitem o local do último ataque. Contudo, no final de julho, o governo de Assad autorizou a visita dos representantes da ONU somente em três localidades.
O governo britânico se pronunciou dizendo que vai "mencionar diante do Conselho de Segurança da ONU" as alegações de utilização de armas químicas nos bombardeios de quarta-feira na periferia de Damasco. O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, apelou ao governo sírio "a autorizar imediatamente à equipe da ONU que investiga atualmente sobre as acusações prévias de uso de armas químicas a visitar a região do ataque." Hague disse ainda que as alegações ainda não foram confirmadas – mas que, se forem, representariam uma "escalada chocante do uso de armas químicas" na Síria.
A guerra civil na Síria começou com protestos contra o presidente Bachar al-Assad e já dura quase dois anos e meio. Segundo a ONU, mais de 100 mil pessoas foram mortas nos confrontos entre rebeldes e tropas do governo desde então. Outras centenas de milhares de sírios deixaram o país e se tornaram refugiados.
CN/rtr/dpa/afp/lusa