Governo venezuelano prepara manifestação de solidariedade a Chávez
10 de janeiro de 2013O governo venezuelano convocou para esta quinta-feira (10/01) um grande comício de solidariedade, em Caracas, para celebrar o início simbólico de um novo mandato do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
O vice-presidente Nicolás Maduro, que ocupa interinamente o poder, convocou a população na noite desta quarta-feira para um "dia histórico" de homenagens ao polêmico líder socialista, que enfrenta em Cuba um delicado processo pós-operatório depois uma cirurgia para combater um câncer.
Na manifestação, em frente ao palácio presidencial de Miraflores, são esperados altos representantes de 20 governos, incluindo aliados próximos de Chávez, como o presidente boliviano, Evo Morales, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e o presidente do Uruguai, José Mujica.
Maduro chamou os venezuelanos para comparecerem em massa. "Vamos organizar um grande evento em homenagem ao presidente Chávez", declarou diante de seus ministros. "Vamos fazer um juramento sobre a Constituição. Este é um dia histórico, porque começa o mandato do presidente de 2013 a 2019."
Tribunal permitiu adiamento
Maduro assumiu o governo em caráter interino depois que Chávez partiu rumo a Cuba, no dia 10 de dezembro, para se submeter à quarta cirurgia para combater um câncer. Desde então, o político de 58 anos está num hospital em Havana e não apareceu mais em público.
Chávez foi reeleito em outubro, e a cerimônia de posse para um novo mandato de seis anos está agendada para esta quinta-feira, dia 10 de janeiro, data prevista na Constituição. Dada a ausência no presidente, governo e oposição passaram os últimos dias divergindo se Chávez inicia o quarto mandato mesmo sem estar presente ou se um governo interino, comandado pelo presidente da Assembleia Nacional, deveria assumir e convocar novas eleições.
Nesta quarta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça, mais alta instância judicial do país, decidiu que o presidente pode assumir oficialmente em data posterior, já que há continuidade de governo. Diante disso, a cerimônia desta quinta-feira é uma mera formalidade e a ausência de Chávez não impede o inicio do seu quarto mandato.
Maduro elogiou a decisão como uma "sentença pela justiça, a paz e estabilidade". O tribunal, que nos últimos dez anos nunca foi contra Chávez, também considerou desnecessário que uma junta médica independente analise a condição de saúde do chefe de Estado.
Parte da oposição rejeitou o adiamento da posse como inconstitucional e pediu novas eleições. Entretanto, Henrique Capriles, governador do estado de Miranda, ex-candidato a presidente e principal nome da oposição, acatou a decisão do tribunal. "Houve uma decisão, houve uma interpretação do Tribunal Supremo", disse ele. "Não há mais desculpas. Agora, é a sua responsabilidade cumprir seu trabalho e governar, senhor Maduro." Ele reiterou que não convocou seus partidários a procurarem nas ruas o confronto com simpatizantes de Chávez.
Apoio de Brasília
Maduro afirmou na quarta-feira que conversou com a presidente brasileira, Dilma Rousseff, e que ela manifestou a sua confiança na democracia da Venezuela, após a decisão do Tribunal Supremo de Justiça. "Quero transmitir as saudações dela ao povo da Venezuela e a sua confiança na nossa democracia", disse Maduro, durante uma reunião, em Caracas, dos países do Petrocaribe e da Aliança Bolivariana para os Povos da América (ALBA).
Responsável pela pasta do Exterior da Venezuela, ele afirmou ter partilhado "informação e critérios" com Dilma e que a presidente brasileira "ratificou a sua confiança, sobretudo depois de conhecida a decisão do Supremo Tribunal de Justiça, no desenvolvimento da democracia venezuelana".
Na quarta-feira, Maduro dirigiu sua primeira reunião de gabinete televisionada, junto com o alto comando militar. Seguindo a linha do "líder máximo", prometeu mão dura contra a "burguesia parasitária" que especula estocando alimentos e bens essenciais, atacou as "mentiras do imperialismo" e negou rumores persistentes de uma luta de poder na cúpula do chavismo.
Ausência alimenta boatos
O último boletim médico, divulgado esta semana, afirma que o presidente continua lutando contra uma infecção pulmonar, que resultou em uma "insuficiência respiratória", e que ele está em repouso absoluto após uma operação delicada de mais de seis horas, complicada por uma hemorragia.
Diante da escassez de declarações oficiais e ausência fotografias, vídeos ou telefonemas como nas convalescenças anteriores, boatos voltaram a invadir redes sociais, onde especula-se que o paciente pode ter uma falha iminente de órgãos vitais e até mesmo estar em coma.
MD/afp/rtr/lusa
Revisão: Alexandre Schossler