1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Energia nuclear

22 de abril de 2011

Catástrofe nuclear mudou opinião de japoneses sobre o tema. Sociedades russa e ucraniana estão mais céticas quanto à exploração da energia nuclear. Mas governos aprovam utilização de usinas e estão dispostos a investir.

https://p.dw.com/p/RJgG
Região de Tchernobil ainda traz marcas da catástrofeFoto: picture alliance/dpa

Apesar da catástrofe nuclear em Fukushima e das cerimônias que lembraram os 25 anos do acidente em Tchernobil, entidades ambientais antecipam um possível aumento do número de centrais nucleares no Leste da Europa e na Ásia. Os principais atores políticos da Rússia, Belarus e Ucrânia minimizam a tragédia no Japão, afirmando que não haveria qualquer motivo para pânico em seus países.

Schweiz Wirtschaft Weltwirtschaftsforum in Davos Medwedew
Dimitri Medvedev apoia investimento em energia atômicaFoto: AP

O presidente russo, Dmitri Medvedev, considera a energia atômica "absolutamente segura". Ele defende a construção de novas unidades com padrões de segurança máxima. A Rússia tem o objetivo de elevar o número de centrais nucleares de 10 para 26, até 2030. O plano prevê a construção de uma central numa plataforma no Oceano Pacífico. Entretanto, especialistas confiam na revisão do plano, depois do desastre no Japão.

Apesar de Tchernobil, a Ucrânia quer triplicar o número de suas unidades nucleares até 2030. Quatro centrais operam no país, e este pretende encomendar mais dois reatores russos para uma das usinas. Belarus quer construir sua primeira central no segundo semestre deste ano, encomendada ao consórcio russo Rosatom. O contrato foi assinado poucos dias depois da catástrofe de Fukushima.

Russos e ucranianos ficaram mais céticos

Se o desastre de Fukushima não sensibilizou os governos, os cidadãos russos e ucranianos parecem ter ficado mais céticos. Uma pesquisa de opinião encomendada pela Deutsche Welle ao Instituto para Análise Política e Econômica do Leste Europeu mostra que, depois do desastre no Japão, 43% dos russos acham que a energia termonuclear oferece perigo, enquanto 36% discordam.

Japan Fukushima Rauch Atomreaktor
Desastre em Fukushima deixou japoneses menos confiantes sobre energia nuclearFoto: picture-alliance/dpa

Por outro lado, 44% dos entrevistados russos pensam que um acidente como o de Fukushima não deve acontecer em seu país. Na Ucrânia, 60% dos entrevistados veem o modelo como perigoso, 31% discordam. Entre os ucranianos, 41% dizem ter mudado de opinião sobre o tema após o desastre no Japão, e 23% são pela proibição do uso da energia nuclear.

Tanto na Rússia como na Ucrânia e em Belarus não existe uma tradição ambiental na sociedade civil nem os chamados partidos verdes. Para Volodimir Ometchenko, especialista do centro ucraniano Rasumkov, de política e economia, o cidadão ucraniano tem que ser visto de forma pragmática sobre este assunto. "Mais da metade da população luta de forma prática pela sobrevivência", diz o especialista.

Chineses aprovam

No final de março, uma pesquisa encomendada pela rede France 2 ao instituto BVA/Win-Gallup revelou que 70% dos entrevistados chineses são a favor do uso da energia nuclear. O mesmo ocorre na Coreia do Sul, onde 64% da população aprova as centrais nucleares. No Japão, o índice de apoio ao modelo caiu de 62% para 39% após o desastre de Fukushima.

Anti-Atomkraft
Chineses e sul-coreanos não mostram medo da energia nuclearFoto: fotolia

O especialista do Greenpeace em Berlim, Tobias Münchmeyer, acredita que a Rússia poderia abandonar a energia nuclear bem rapidamente pois, no momento, apenas ela é responsável por apenas 17% da energia do país. A Rússia poderia construir sistemas renováveis de produção de energia ou até recorrer ao gás natural.

Na Ucrânia, a situação é mais difícil. As quatro unidades nucleares cobrem até 48% da produção do país. Porém, há também excedentes que são exportados. Münchmeyer diz que a Rússia, Belarus e Ucrânia estão entre os países que "mais desperdiçam energia". Ele afirma que enquanto este problema persistir, será difícil promover uma reviravolta na política atômica.

MP/dw/afp/dpa
Revisão: Augusto Valente