Grande coalizão começa negociando nomes
24 de setembro de 2005Após as primeiras sondagens dos grandes com os pequenos partidos não terem dado muito resultado, aproxima-se a hora de os dois maiores blocos parlamentares – social-democratas e democrata-cristãos – negociarem uma ampla coalizão de governo. O primeiro encontro foi marcado para quarta-feira (28/09), mas as especulações sobre a aliança entre atual governo e oposição dão margem a mais de uma solução.
"Numa democracia, nunca se deve dizer não"
Antes de começar a discutir a possível compatibilidade dos programas, os políticos discutem quem será o premiê. Apesar de a situação ser bastante dinâmica, daria para dizer que os conservadores ainda estão fechados em bloco por trás de sua candidata Angela Merkel, enquanto os social-democratas já começam a dar sinal de que imaginam governar sem Gerhard Schröder.
A ala de esquerda do Partido Social Democrata (SPD) e de sua respectiva bancada parlamentar já fez um apelo contra a retirada de apoio a Schröder. Após um encontro neste sábado (24/10), correligionários da ala de esquerda do partido advertiram que romper a unidade entre o programa eleitoral e a pessoa do atual premiê seria um erro grave.
A reação da esquerda do SPD foi provocada por vozes isoladas que aventaram com outro candidato social-democrata. "Numa democracia, nunca se deve dizer não", declarou o governador da Renânia do Norte-Palatinado e vice-presidente do SPD, Kurt Beck, justificando que a discussão dos programas tem que vir antes da fixação de nomes.
Dividir o bolo do poder
O fato de esta possibilidade ter sido aventada dentro do SPD agrada evidentemente aos democrata-cristãos, que não apenas apóiam em bloco a candidatura de Angela Merkel, como esperam a queda de Schröder. Alguns políticos conservadores chegaram a exigir que as negociações com os social-democratas fossem iniciadas apenas se estes dispensarem o atual premiê. O governador da Baixa Saxônia, Christian Wulff, excluiu a possibilidade de substituir Merkel como candidato e reiterou seu apoio a ela.
Enquanto os conservadores apostam na unidade, os social-democratas tentam achar uma solução através da divisão de poder. Uma alternativa cogitada por eles é rachar o mandato de quatro anos entre um candidato democrata-cristão e um social-democrata, sendo que Schröder seria o primeiro a assumir a chancelaria por dois anos.
Esta proposta, ainda informal, está sendo chamada de "modelo israelense", em alusão ao acordo de rotação dos dois maiores partidos de Israel (Partido Trabalhista e Likud) no poder em 1984. Os conservadores já excluíram a possibilidade de dividir o mandato com o SPD, alegando que isso não faz parte da tradição constitucional alemã.
Menores à distância
A preparação do diálogo entre as duas maiores bancadas no Parlamento alemão começou a aquecer após o fracasso das negociações entre grandes e pequenos. Os liberais se recusaram desde cedo a compor com o atual governo. Os verdes, por sua vez, se reuniram com os democrata-cristãos, mas a incompatibilidade dos programas fez do encontro um gesto meramente retórico.
A esquerda pós-comunista vem se mostrando cada vez mais aberta a negociar com a atual coalizão de governo, mas ainda não recebeu nenhum sinal de aceitação, a não ser por parte de poucos políticos verdes. Na próxima semana, os partidos maiores prometem dominar a cena política na Alemanha.