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Grande coalizão na Alemanha fortalece presidente do SPD

Bettina Marx/Mariana Santos14 de dezembro de 2013

Sigmar Gabriel é considerado o homem forte da grande coalizão que governará a Alemanha nos próximos quatro anos. Ele se tornará vice-chanceler federal e "superministro" da Economia e da Energia.

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Foto: Imago

O presidente do Partido Social Democrata (SPD), Sigmar Gabriel, chegou a ser ridicularizado na época em que era o encarregado de Cultura e Discurso Pop da legenda (era chamado de Siggi Pop, em alusão a Iggy Pop). Agora, porém, o político colhe os louros de sua habilidade na condução dos social-democratas à grande coalizão junto à União Democrata Cristã (CDU) e sua versão bávara, a União Social-Democrata (CSU).

Com a provável confirmação do terceiro mandato da chanceler federal Angela Merkel à frente do governo, na próxima terça-feira no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), Sigmar Gabriel voará longe. Ele foi indicado para ocupar o cargo de vice-chanceler federal, que acumulará com o de "superministro", com Economia e Energia sob seu comando. Outros cinco ministérios ficarão nas mãos dos social-democratas.

Os bons ventos sopram após a divulgação do resultado da consulta interna junto aos membros do SPD para confirmar a coalizão com os conservadores CDU e CSU. A participação dos filiados na decisão, ideia do próprio Gabriel, foi considerada uma manobra arriscada. Caso os membros do partido tivessem se recusado a apoiar a composição do governo, a queda de Gabriel, 54 anos, seria inevitável. Mas o risco mostra, agora, ter valido a pena.

Quatro anos à frente do SPD

Gabriel está à frente do SPD, o mais antigo partido da Alemanha, desde 2009. Nos últimos anos, ele conseguiu encorajar seus correligionários e reaproximar as correntes internas da sigla, que sofre com o abandono de filiados e com as brigas entre os que ficaram.

Além de assumir o cargo de vice-chanceler federal, Sigmar Gabriel será também o ministro das pastas da Economia e da Energia
Além de assumir o cargo de vice-chanceler federal, Sigmar Gabriel será também o ministro das pastas da Economia e da EnergiaFoto: picture-alliance/dpa

Após a vergonhosa derrota eleitoral de 2009, quando o SPD despencou de 34% para 23% na preferência do eleitorado, o ex-ministro do Meio Ambiente conseguiu levantar os ânimos dos decepcionados e frustrados companheiros com um discurso empolgante e enérgico, durante o congresso partidário de Dresden

Os social-democratas tornaram-se oposição e Gabriel conseguiu impor reformas internas. Ele aboliu a mesa diretora do partido em favor de uma direção ampliada e introduziu as convenções partidárias, instância máxima de decisão depois dos congressos partidários.

Em novembro passado, Gabriel foi reconduzido à presidência do SPD, mas o resultado não foi tão bom quanto o das duas convenções em anos anteriores. Apenas 83,6% dos delegados votaram a favor de Gabriel, oito pontos percentuais a menos do que em 2011.

Dura crítica

Talvez isso tenha acontecido porque desta vez ele não fez nenhum discurso empolgante, como nos anteriores, quando foi capaz de levantar os delegados presentes com sua retórica. Em vez disso, Gabriel apresentou uma avaliação sóbria e rigorosa ao congresso partidário. "Eu assumo a completa responsabilidade política pelo nosso resultado eleitoral", disse.

O SPD perdeu por falta de credibilidade, afirmou Gabriel. Ele avaliou ainda que, para os alemães, uma situação política estável é mais importante que o ideal de justiça dos social-democratas e, por esse motivo, o SPD precisa de um perfil econômico mais acentuado. E que um candidato a chanceler federal que incorpore tal perfil – como o social-democrata Peer Steinbrück, que concorreu contra Merkel – parece não ser suficiente para ganhar uma eleição.

O SPD de Sigmar Gabriel irá compor a grande coalizão com o CDU da chanceler federal, Angela Merkela Merkel
O SPD de Sigmar Gabriel irá compor a grande coalizão com o CDU da chanceler federal, Angela MerkelFoto: Reuters

De fato, o SPD amargou o segundo pior resultado eleitoral da sua história nas eleições parlamentares de setembro passado. Somente 25,7% dos eleitores votaram no partido. Também Gabriel foi responsabilizado por essa derrota. Segundo os críticos, ele teria prejudicado Steinbrück com declarações infelizes e propostas que não haviam sido combinadas.

Em plena campanha eleitoral, Gabriel cogitou, por exemplo, a implantação de um limite de velocidade nas autoestradas alemãs, mas logo retirou a proposta, de forma rápida e sorrateira, sob uma chuva de protestos. Além disso, ele mesmo espalhou dúvidas sobre a competência de Steinbrück, quando a candidatura do ex-ministro alemão das Finanças ameaçou se tornar um fiasco.

No congresso em Leipzig, que definiu em novembro sua permanência à frente do partido, não se ouviram dissonâncias. A amizade com Steinbrück se manteve depois da campanha eleitoral, disse Gabriel em seu discurso. "Nós dois começamos como amigos e terminamos como amigos. Você é um grande cara", disse ele, dirigindo-se ao correligionário.

O tom conciliatório também agrada à opinião pública, com quem o corpulento Gabriel pôde, atualmente, ganhar alguns pontos de simpatia. Apesar de seu jeito rude – ele gosta de insultar jornalistas durante entrevistas – ele ascendeu à lista dos políticos mais populares do país.