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Dia de inverno em um sítio arqueológico

6 de janeiro de 2008

Encontrados no leste da Turíngia vestígios singulares de um povoado da Idade do Bronze. Arqueólogos trabalham contra o tempo em áreas a serem descaracterizadas por obras públicas.

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Antes que da instalação de uma nova canalização na área, arqueólogos escavam povoado milenar em Bohra, na TuríngiaFoto: picture alliance/dpa
Para os arqueólogos, foi uma grande surprese se deparar, inesperadamente, com os vestígios de um grande povoado da Idade do Bronze numa colina em Bohra, na Turíngia. Eles não chegaram a encontrar nada espetacular, como o Disco de Nebra, mas acharam inúmeros fragmentos de cerâmica, cavidades onde teriam se situado antigos pilares e se armazenado alimentos, e até mesmo uma sepultura. "Tínhamos assinalado a área com um ponto de interrogação", comentou Ines Spazier, encarregada do Departamento de Arqueologia para o leste do estado da Turíngia: "Então dá para imaginar como ficamos surpresos de ver tanto material das mais diferentes épocas". Residência de uma família numerosa da cultura Unetice A equipe do arqueólogo Uwe Petzold foi retirando a terra congelada com enxada e picareta. Uma fina camada de neve havia se depositado sobre o campo. A pequena escavadora não estava à disposição, pois as correntes haviam congelado durante a noite. O arqueólogo aponta para uma mancha cinza no solo argiloso: "Vamos documentar todas as colorações escuras que aparecerem". Essas manchas indicam cavidades onde originalmente se encontravam os pilares das casas ou os espaços para armazenamento de alimentos. "Essas cavidades de pilares oferecem indícios que podem remontar a até sete mil anos antes, revelando que havia edificações sobre este solo", explica Petzold. Num único ponto do sítio, os arqueólogos encontraram de uma só vez três fileiras com três buracos cada, bem como uma cavidade de provisões. "O que temos aqui é a planta de um edifício quase quadrado." A casa de 16 metros quadrados provavelmente deve ter sido habitada por uma família numerosa. Tudo indica que se trata de uma construção de pau-a-pique. "Foi um povoado habitado por muito tempo", comenta Spazier. Pessoas de diversas regiões foram atraídas para a localidade há diversos milhares de anos. "Da Idade do Bronze foram encontradas diversas necrópoles nesta região, mas relativamente poucas povoações", explica o arqueólogo, acrescentando que se trata de um achado muito especial. Trata-se de vestígios da cultura Unetice, originária da Boêmia, ao norte da atual capital checa, Praga. As descobertas arqueológicas feitas em Bohra geralmente datam do início e do fim da Idade do Bronze; algumas são até anteriores. Uma sepultura do Neolítico Na sua busca, os arqueólogos se depararam com um túmulo do final do Neolítico, pertencente à chamada cultura Glockenbecher (nome que se remete aos seus típicos vasos em forma de sino), existente entre 2400 a 2000 a.C. Não se encontraram ossos, mas – em compensação – uma vasilha de cerâmica que está sendo restaurada por uma equipe de especialistas. Para uma sepultura, a dimensão de 1,25m por 0,9m é realmente pequena. "É porque os mortos eram enterrados com pernas e braços dobrados", explica Petzold, apontando para outro pequeno buraco. "Aqui se pode ver nitidamente pelo perfil que se trata de um túmulo planejado com exatidão." Na pequena cavidade geralmente se enterravam os cereais. "Neste tipo de depósito subterrâneo, já se contava com a desvantagem de que os grãos emboloravam nas camadas externas; no cerne, entretanto, se conservavam e podiam ser consumidos durante um ano." A equipe de Petzold não tem tempo a perder. Os arqueólogos têm que concluir trabalho logo, pois em breve chegarão as grandes escavadoras para instalar uma nova canalização de Gera até Grosstöbnitz. Até lá, tudo será documentado, pois o sítio arqueológico será irreversivelmente destruído. "Só estamos escavando na área demarcada a ser alterada pela canalização", afirma Petzold. Tudo o que não for escavado agora deverá ficar para sempre, ou pelo menos por um longo tempo, debaixo da terra. (sm)