Setor aéreo
27 de julho de 2008Segundo anuncia a central sindical Verdi, principalmente os aeroportos de Frankfurt e Hamburgo serão atingidos pela greve de funcionários da Lufthansa, que começa à meia-noite deste domingo (27/07). A greve conta com o apoio de 90,7% dos cerca de 50 mil empregados da companhia aérea, que pleiteiam um aumento salarial de 9,8% no próximo ano. A direção da empresa aceitou até o momento apenas 6,7% de reajustes, a serem concedidos no decorrer dos próximos 21 meses.
"Baixos lucros"
A greve atinge funcionários de bordo, terra, cargas, adminstração, técnica e catering. Em carta aberta aos funcionários, o presidente da empresa, Wolfgang Mayrhuber, ameaçou corte de pessoal e pediu a compreensão dos grevistas frente à situação de "poucos lucros" da Lufthansa. Segundo Mayrhuber, "um montante de aproximadamente sete euros por passageiro não é suficiente para financiar nosso crescimento e manter a segurança dos postos de trabalho".
De acordo com a porta-voz Claudia Lange, a companhia aérea possui um "plano de emergência", a fim de evitar os efeitos da greve para os passageiros. Vários políticos dos partidos CDU, SPD – que formam a coalizão de governo – e FDP (Liberais) defendem um fim imediato do conflito entre empresa e funcionários. Esta é a primeira grande paralisação na Lufthansa no decorrer dos últimos 13 anos.
Crise do setor
A greve é um dos sinais da crise que promete assolar todo o setor aéreo em função dos altos preços de combustível e da instabilidade da conjuntura. Há semanas, a Air Berlin, segunda maior companhia aérea do país, povoa as manchetes dos jornais com anúncios de redução nas rotas de vôos. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) teme prejuízos em torno de seis bilhões de dólares para o setor somente neste ano, com perspectivas ainda piores para 2009.
Segundo análise do diário berlinense Der Tagesspiegel, o alto preço do combustível poderá obrigar as empresas a uma maior concentração em seus nichos de negócio, o que provoca menos crescimento e menos companhias oferecendo vôos com bilhetes a baixo preço. "A situação do setor é difícil" estampa o semanário Die Zeit, ao anunciar um "programa de eficiência" a ser implantado pela Air Berlin, visando economizar 150 milhões de euros.
Até o fim do ano, anuncia Joachim Hunold, presidente da companhia, a Air Berlin, que já prevê uma redução de 14 aeronaves, usadas em rotas de curta e média distâncias, deverá anunicar ainda mais cortes. "Esses 14 aviões a menos são só o começo", afirmou Hunold à revista Wirtschaftswoche.
De volta ao próprio quintal
A nova tendência de bilhetes a preços altos pode cercear a mobilidade do turista na Europa, acostumado nos últimos anos, como descreve o diário suíço Neue Zürche Zeitung (NZZ), "à viagem rápida de compras a Nova York ou à visita relâmpago ao cabeleireiro em Londres".
Diante dos aumentos do combustível, teme-se até mesmo que o modelo – comum na Alemanha – de manter residência e local de trabalho em cidades diferentes possa estar com os dias contados. E a grande massa de passageiros, que há 20 anos atrás mal podia pagar um vôo de férias, vai ser de novo banida dos aeroportos.
"A democratização do espaço aéreo – possibilitada pela abertura do mercado e implementada pelas companhias que oferecem bilhetes de baixo preço – terá que ser cessada", prevê o jornal, ao anunciar o fim inevitável da viagem rápida à Ilha de Maiorca ou ao sul da França. "A próxima festinha de verão vai acontecer de novo no quintal da própria casa", prenuncia o NZZ. (sv)