Grécia começa a sepultar mortos nos incêndios
28 de julho de 2018A Grécia vai começar neste domingo (29/07) a enterrar os mortos nos devastadores incêndios florestais que atingiram os arredores de Atenas esta semana e mataram ao menos 88 pessoas, incluindo várias crianças.
Três membros de uma mesma família, moradores do vilarejo de Mati, serão enterrados neste domingo. A família pediu à imprensa para que não compareça à cerimônia. As buscas por desaparecidos continuam, e muitos continuam sendo atendidos nos hospitais.
Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, assumiu a responsabilidade política pela tragédia. Falando a seu conselho de ministros, em discurso transmitido pela televisão, ele disse ter convocado os ministros para "assumir integralmente, perante o povo grego, a responsabilidade política por essa tragédia".
Apesar de ter anunciado uma lista de medidas após o desastre, o governo de esquerda do país foi alvo de fortes críticas por sua reação, considerada lenta, e também pelo pacote de medidas para as vítimas, tachado de insuficiente. Críticos também cobraram que o governo assumisse uma responsabilidade maior pela tragédia.
Sobreviventes e a oposição também acusaram Tsipras e seu governo de insensibilidade, devido à ausência de um pedido de desculpas. Tsipras não foi visto em público desde terça-feira, quando anunciou três dias de luto oficial, e não visitou os feridos nos hospitais.
"O que significa responsabilidade política?", questionou um homem de 79 anos em frente a sua casa totalmente queimada, em entrevista à televisão grega. "As palavras são bonitas, mas eu quero que ele diga a mim e às pessoas que perderam tudo de quem é a culpa, se não é dele."
Especialistas afirmaram que um misto de mau planejamento urbano, incluindo a falta de rotas apropriadas de acesso à praia, e muitas construções próximas de áreas florestais, incluindo casas construídas sem licença, aumentaram as proporções do desastre.
Os incêndios na Grécia deixaram ao menos 88 mortos, segundo o balanço mais recente, divulgado pelo chefe do serviço forense de Atenas, Nikos Karakukis. Segundo as autoridades, 53 das vítimas continuam hospitalizadas, entre elas quatro crianças, e 11 estão em estado crítico.
Das pessoas relatadas como desaparecidas, 40 foram encontradas vivas, de acordo com o ministro da Defesa Civil, Nikos Toskas. De acordo com o Ministério das Infraestruturas, a metade dos 3.546 edifícios já inspecionados está inabitável.
O governo grego divulgou nesta quinta-feira uma série de imagens de satélite para amparar sua denúncia de que os incêndios foram premeditados. Toskas afirmou haver evidências e testemunhos que sustentam essa hipótese. Segundo ele, em menos de meia hora foram registrados 13 focos de incêndio, todos alinhados paralelamente à estrada, o que as fotos e vídeos dos satélites confirmariam.
AS/rtr/afp/dpa/lusa
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