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Guerra contra EI põe EUA entre turcos e curdos

Spencer Kimball (mp)29 de julho de 2015

Tanto Ancara quanto a minoria curda são importantes para os objetivos dos americanos no Oriente Médio. Mas a rivalidade acentuada entre ambos pode atrapalhar a campanha contra o "Estado Islâmico".

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Foto: Reuters/M. Sezer

O governo turco praticamente não vê distinção entre a milícia radical “Estado Islâmico” (EI) e os militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK): para ele, ambas as organizações são terroristas.

“Qualquer organização terrorista representa uma ameaça para as fronteiras da República Turca, e medidas serão tomadas sem hesitação. Ninguém deve duvidar disso”, disse o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, após o lançamento de operações contra ambos os grupos.

Mas o secular PKK vem se mostrando um dos adversários mais eficientes do EI. Tão eficiente que já há vozes nos Estados Unidos pedindo que ele seja retirado da lista americana de organizações terroristas.

“Os EUA têm apoiado o PKK indiretamente, ajudando o PYD [Partido União Democrática Curda] na Síria, que é um afiliado do PKK”, diz Michael Gunter, especialista em curdos da Universidade Tenessee Tech.

O PKK e os EUA estão do mesmo lado não somente na Síria. Quando os militantes do EI encurralaram milhares de yazidis nas montanhas de Sinjar, no norte do Iraque, no ano passado, o presidente americano, Barack Obama, disse que os EUA tinham a obrigação de salvar de um massacre a minoria religiosa.

Kurden drängen IS im Sinjar-Gebirge zurück 20.12.2014
PKK foi importante para resgates nas montanhas de SinjarFoto: Reuters/Massoud Mohammed

Os Estados Unidos começaram então uma campanha de ataques aéreos contra o “Estado Islâmico”. Mas não foi Washington que salvou os yazidis em Sinjar. Homens do PKK ajudaram a evacuar as montanhas e a escoltar os habitantes a um lugar seguro.

EI como arma?

Agora, a Turquia entrou abertamente na guerra cada vez mais complexa no Iraque e na Síria. Na semana passada, um ataque suicida do EI matou 32 ativistas de esquerda, em sua maioria curdos, na cidade de Suruç, perto da fronteira com a Síria. Em retaliação, o presidente Recep Tayyp Erdogan lançou ataques aéreos contra o EI pela primeira vez e deve conceder aos americanos o uso da base aérea de Incirlik.

“Este ataque contra o EI é um estratagema. Basicamente, a Turquia está usando o EI como uma arma contra os curdos sírios”, opina Gunter. “Tem sido bastante documentado nos últimos dois anos que a Turquia tem permitido o trânsito de jihadistas de todo mundo em seu território para se unir ao EI.”

O governo turco simultaneamente atacou posições do PKK no norte do Iraque. Militantes curdos supostamente mataram dois policiais na Turquia, acusando Ancara de fazer vista grossa aos crimes do “Estado Islâmico” contra seu povo.

Kampfjet Türkei
Turquia tem atacadao PKK e EI ao mesmo tempoFoto: picture-alliance/AA

Pelo menos publicamente, os Estados Unidos têm apoiado os ataques turcos contra o PKK. Em entrevista coletiva, o porta-voz do Departamento de Estado John Kirby chamou os integrantes do PKK de “terroristas” e disse que Ancara tem o direito de se defender.

“É ridículo que os Estados Unidos não possam enxergar isso. A Turquia está matando os curdos que estão lutando contra o EI, que, por sua vez, deveria ser um inimigo dos americanos. A Turquia não está apoiando as políticas da Otan contra o EI. Na verdade, está trabalhando contra essas políticas”, conclui Gunter.